Japão prepara instalação de mísseis perto de Taiwan em meio ao aumento de tensões com a China
O ministro da Defesa japonês, Shinjiro Koizumi, anunciou no domingo o plano do Japão de instalar mísseis de médio alcance em uma base militar estratégica próxima a Taiwan. A medida, revelada após a visita de Koizumi à ilha japonesa de Yonaguni, situada a apenas 110 quilômetros a leste de Taiwan, ocorre em um contexto de crescentes tensões entre Tóquio e Pequim.
Koizumi defendeu que o posicionamento de mísseis terra-ar servirá como um elemento de dissuasão, ajudando a “reduzir a possibilidade de um ataque armado” contra o Japão, e negou que a ação vá aumentar as tensões regionais.
Preocupação com o poderio chinês
As ações do Japão refletem a preocupação com o crescente poderio militar da China e o risco de um conflito em relação a Taiwan, conforme reportado pela Bloomberg. O clima de tensão foi exacerbado por declarações recentes da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que indicou que Tóquio responderá militarmente caso Pequim envie forças para Taiwan.
Em reunião com o prefeito de Yonaguni, o ministro Koizumi enfatizou que o Japão está enfrentando o “ambiente de segurança mais severo e complexo desde o fim da Segunda Guerra Mundial”. Ele defendeu o fortalecimento da capacidade de defesa do país e o aprofundamento dos laços com as forças armadas dos EUA para proteger a paz do povo japonês.
Ruptura com a postura tradicional
Tradicionalmente, líderes japoneses evitam debater publicamente os detalhes de potenciais conflitos sobre Taiwan, buscando manter o status quo. No entanto, Takaichi rompeu com essa postura, classificando a situação como uma “situação que ameaça a sobrevivência” do Japão.
Em reação, a China teceu duras críticas, acusando o Japão de um “ressurgimento do pensamento militarista”. Pequim também denunciou a possível revisão dos princípios não-nucleares do Japão — que proíbem possuir, fabricar ou introduzir armas atômicas em seu território — uma vez que foi noticiado que Takaichi estaria considerando reavaliar o status não-nuclear do país, vigente desde a década de 1960.
Em carta ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, Pequim classificou as declarações de Takaichi como “errôneas e perigosas”, interpretando-as como uma ameaça de “intervenção armada”. A China garantiu que “salvaguardará a soberania nacional e a integridade territorial”.


