Hong Kong encerra buscas após incêndio sem precedentes em complexo residencial deixar rastro de morte
O número de mortos no incêndio que atingiu um complexo de apartamentos em Hong Kong subiu para 128, com aproximadamente 200 pessoas ainda desaparecidas, segundo autoridades que declararam o fim das operações de resgate. Na sexta-feira, bombeiros vasculhavam os escombros após o incêndio se alastrar por sete das oito torres do complexo Wang Fuk Court, no que é considerado um dos incêndios mais mortais da história da cidade.
O Secretário de Segurança, Chris Tang, informou que 108 corpos foram recuperados, com 16 ainda dentro dos prédios e quatro mortes registradas em hospitais. A indignação popular aumentou após o chefe do Corpo de Bombeiros, Andy Yeung, confirmar que nenhum alarme de incêndio disparou em qualquer uma das oito torres, prometendo “medidas punitivas contra as empreiteiras responsáveis”. Em resposta à crescente revolta, a Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC) anunciou a prisão de oito pessoas, incluindo consultores de engenharia e empreiteiros de andaimes, somando-se a outros três executivos da construção civil já detidos.
🌡️Causa e intensidade extrema do fogo
As autoridades confirmaram que o incêndio foi finalmente extinto, mas as equipes tiveram que esperar o resfriamento das áreas mais atingidas, onde as temperaturas chegaram a 500°C. Segundo Tang, a principal causa da intensidade do fogo não foi a tela verde do andaime (que atendia aos padrões), mas sim a espuma de poliestireno altamente inflamável encontrada nas janelas dos elevadores. O fogo, que começou no bloco Wang Cheong, espalhou-se rapidamente, impulsionado por fortes ventos e pela queda de destroços em chamas, facilitando a propagação de apartamento para apartamento. O Departamento do Trabalho de Hong Kong revelou que a construtora havia sido repetidamente advertida por escrito sobre práticas de trabalho inseguras e prevenção de incêndios ao longo do último ano.
Luto e apelo por rigor na segurança
O incêndio mais mortal em mais de 70 anos gerou cenas de desespero no centro comunitário adjacente, onde moradores buscavam informações. O Senhor Lau, que procura seus pais, expressou a dor de muitos: “Só quero saber se meus pais estão vivos ou mortos.”
A tragédia expôs a vulnerabilidade de trabalhadores estrangeiros, com a confirmação de uma morte indonésia e a busca por pelo menos 11 empregados domésticos indonésios e um filipino desaparecidos. O fogo gerou um forte apelo por leis de segurança contra incêndio mais rigorosas no setor da construção civil, já que o uso de materiais retardantes de chamas não é uma exigência legal obrigatória, mas apenas um código de conduta, como apontou Lee Kwong-sing, do Instituto de Profissionais de Segurança.


