Governo teme que EUA vão exigir “algo em troca” para acabar com tarifa de 40%
O governo brasileiro avalia que a retirada total das sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros dependerá de contrapartidas a serem solicitadas pelo governo norte-americano. Embora o governo de Donald Trump tenha anunciado, em 20 de novembro, o fim do “tarifaço” de 40% sobre itens específicos como carne e café, o impacto das tarifas extras ainda é significativo, especialmente para a indústria manufatureira.
Atualmente, grande parte das exportações brasileiras para os EUA segue onerada. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que 22% das exportações brasileiras para o mercado americano ainda estão sujeitas à sobretaxa de 40% (ou 40% somados a 10%), enquanto outros 15% enfrentam a tarifa extra de 10%.
Com base nas exportações de US$ 40,4 bilhões em 2024, o governo brasileiro detalhou o cenário tarifário: US$ 8,9 bilhões continuam sob o tarifaço de 40%, e US$ 6,2 bilhões mantêm a tarifa extra de 10%. Por outro lado, US$ 14,3 bilhões estão isentos de sobretaxas, e US$ 10,9 bilhões são afetados pelas tarifas da Seção 232.
O governo do Brasil espera que os Estados Unidos, em retribuição por qualquer avanço na remoção das tarifas restantes, solicitem alguma forma de compensação, embora a natureza exata dessa demanda ainda não tenha sido sinalizada.
Sanções a autoridades brasileiras na pauta
Além da questão industrial e comercial, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem como prioridade a resolução, a curto prazo, das sanções impostas a autoridades brasileiras. Entre as medidas em vigor estão a suspensão de vistos de ministros e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A visão do governo brasileiro é que, com a abertura de um canal de diálogo entre os dois países, tais sanções perdem o sentido. O tema referente à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi citado por Donald Trump em julho com a expressão “caça às bruxas” e a sugestão de que ele fosse “deixado em paz,” foi brevemente considerado como uma pauta inicial nas negociações, mas não avançou de fato na mesa de discussões.


