Governo Lula vê risco de sanções ao STF e considera “Ilusão” recuo de Trump
Apesar dos esforços e contatos diplomáticos de membros do governo Lula com autoridades norte-americanas, a equipe do presidente brasileiro demonstra ceticismo sobre a real possibilidade de negociação para reverter o “tarifaço” imposto por Donald Trump. A avaliação interna é de que o Brasil está pronto para negociar, mas que a chance de avanços concretos é uma “ilusão” no momento.
Fontes do governo indicam que, apesar das conversas conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda), uma negociação efetiva sequer estaria em andamento. A percepção é que os assessores de Trump não têm autonomia para tomar decisões que levem a um recuo do presidente, que centraliza todas as decisões sobre a guerra tarifária.
Tarifaço em vigor e novas sanções no horizonte
A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros entrou em vigor na última quarta-feira (6). O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) estima que cerca de 35,9% das exportações brasileiras para os EUA serão afetadas. A medida, que isenta alguns produtos como suco de laranja e aeronaves, atinge setores importantes como o de carne e café.
Além da questão comercial, há a preocupação de que os EUA possam aplicar novas sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, o governo Trump sancionou o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky e, anteriormente, revogou os vistos americanos de Moraes e de outros sete ministros. A embaixada americana também teria feito uma ameaça a aliados do ministro, que nesta semana decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Condições de Trump e a soberania do Brasil
Um dos pontos de impasse é a exigência de Trump para rever o tarifaço: o fim dos processos contra Bolsonaro. Auxiliares de Lula consideram essa condição inaceitável, classificando-a como uma interferência direta no STF e um ataque à soberania nacional.
Essa situação gera cautela sobre a possibilidade de um telefonema entre Lula e Trump, já que uma conversa poderia piorar a situação caso Trump insista na questão do judiciário brasileiro. Lula, por sua vez, tem reiterado que o Brasil está disposto a negociar, mas sem se “humilhar” diante das exigências de Trump.
