Governo Lula dobra críticas a Israel após apoio a processo contra o país em Haia
O governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva emitiu novas condenações contra Israel na segunda-feira, 14 de julho, após um ataque aéreo que supostamente matou civis palestinos que faziam fila para obter água na Faixa de Gaza.
O governo Lula exige uma investigação internacional sobre o incidente, que o Exército israelense reconheceu como um “erro técnico”. O ataque, entre vários recentes, atingiu um ponto de distribuição de água no campo de refugiados de Nusseirat, tendo também como alvos a Cidade de Gaza e Khan Younis. Pelo menos 50 pessoas foram mortas.
De acordo com autoridades militares israelenses, o bombardeio de Nusseirat tinha como alvo a Jihad Islâmica, um grupo terrorista designado, mas um mau funcionamento fez com que ele atingisse um local diferente, resultando em vítimas civis.
“O governo brasileiro condena as operações israelenses realizadas nos últimos dias na Faixa de Gaza, que resultaram em dezenas de mortes, entre elas um elevado número de mulheres e crianças palestinas”, diz nota do Itamaraty. “No episódio mais recente, no campo de refugiados de al-Nuseirat, crianças foram mortas em um ataque aéreo israelense enquanto faziam fila para coletar água potável para si e suas famílias.”
Esta última declaração se soma a uma série de condenações oficiais do Itamaraty, em nome do governo Lula, às ações do governo israelense na guerra contra o grupo terrorista Hamas. O governo também condenou veementemente os recentes ataques aéreos de Israel e dos Estados Unidos, com a aprovação de Donald Trump, contra o Irã.
Brasil e Israel atravessam atualmente uma crise diplomática sem precedentes, à beira de uma ruptura completa. Embora o Palácio do Planalto tenha evitado até agora uma ruptura total, apesar da pressão de grupos de esquerda e do Partido dos Trabalhadores (PT), simpatizantes da causa palestina, a relação política e comercial foi reduzida ao mínimo, impactando também a cooperação e a compra de equipamentos de defesa.
O Itamaraty ainda “lamentou” que novas mortes “se somem às cerca de 800 acumuladas nas últimas seis semanas, ocorridas perto de postos de ajuda humanitária em Gaza controlados pelo governo israelense”.
Brasil se juntará ao caso da CIJ contra Israel
Aumentando a pressão diplomática, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, confirmou em entrevista à TV Al Jazeera do Catar no domingo que o governo brasileiro decidiu ingressar formalmente no caso contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ) .
O processo foi iniciado em dezembro de 2023 pela África do Sul, que acusa o governo israelense e as forças militares de cometer atos de genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza durante o conflito com o Hamas.
Apesar de ter oferecido apoio político quando a ação foi ajuizada, o governo brasileiro ainda não havia solicitado formalmente sua intervenção no caso. O Ministro Vieira indicou que esse pedido formal seria feito “em breve”.
Além do Brasil, vários outros países já intervieram nos processos contra Israel, incluindo Colômbia, Líbia, México, Palestina, Espanha, Turquia, Chile, Maldivas, Bolívia, Irlanda, Cuba e Belize.
