Governo derrota oposição e impede convocação do irmão de Lula na CPI do INSS
Em um embate na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, a base do governo Lula conseguiu, por 19 votos a 11, barrar a convocação de José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, irmão do presidente. “Frei Chico” é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), entidade que está no centro do esquema de descontos fraudulentos em benefícios previdenciários e teve R$ 390 milhões em bens bloqueados por decisão do ministro André Mendonça (STF).
Apesar de não ser formalmente investigado, a convocação de “Frei Chico” é um alvo prioritário da oposição, que tenta vincular o escândalo de fraudes à gestão petista.
A defesa do governo e o papel de “Frei Chico”
Aliados do governo argumentaram que não há qualquer indício de participação de “Frei Chico” nas atividades investigadas.
- Senadora Eliziane Gama (PSD-MA): Defendeu que o irmão do presidente está há um ano no sindicato em uma função “simbólica” e “política de representação sindical”, sem qualquer atividade administrativa, movimentação financeira ou ligação com as fraudes.
- Milton Baptista de Souza Filho (Presidente do Sindnapi): Afirmou em depoimento que “Frei Chico” nunca teve funções administrativas, apenas um papel “político”, e que não precisou de sua ajuda para acessar o governo.
- O deputado Luiz Lima (Novo-RJ), que pedia a convocação, defendeu a necessidade de “Frei Chico” esclarecer seu papel na entidade, que foi a terceira maior destinatária de descontos associativos do INSS entre 2020 e 2025.
Blindagem a Lupi e vitória sobre quebras de sigilo
Além de “Frei Chico”, a base governista garantiu outras vitórias cruciais na CPMI:
- Ex-ministro Carlos Lupi: Foram retirados da pauta os requerimentos que pediam a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telemático e telefônico de Carlos Lupi, que comandava o Ministério da Previdência quando a PF deflagrou a primeira operação sobre o caso.
- Publicitária Ligada ao PT: Por 19 votos a 11, o governo também impediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal da publicitária Danielle Miranda Fonteles, que atuou em campanhas petistas e é suspeita de receber transferências milionárias do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes.
Novas convocações aprovadas
A CPMI, no entanto, conseguiu aprovar a convocação de figuras próximas a Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, preso pela PF e apontado como facilitador do esquema de desvio de recursos:
- Clelia Lucia Camilo de Morais Antunes (irmã e sócia do lobista).
- Alexandre Caetano dos Reis (sócio do lobista).
- Reissanluz Sousa de Oliveira (piloto da aeronave utilizada por Antunes).
- Philipe Roters Coutinho (policial federal afastado, suspeito de fazer escoltas a lobistas envolvidos na fraude).


