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Ex-chefe da FAB revela participação de Bolsonaro em reunião sobre tentativa de golpe

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O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmou nesta quarta-feira (21) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de uma reunião em 2022 no Palácio do Alvorada para discutir formas de “atentar contra o regime democrático” usando mecanismos constitucionais.

Detalhes da Trama Golpista

O depoimento do militar, que foi ouvido como testemunha de acusação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), integra a investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado articulada por Bolsonaro e seus aliados após as eleições de 2022, que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Baptista Júnior revelou que, durante a reunião no Alvorada, foram debatidas opções como a decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa ou Estado de Sítio. Ele também afirmou que o então comandante do Exército, general Marco Freire Gomes, teria alertado Bolsonaro sobre as consequências de avançar com o plano. “Com muita tranquilidade, com muita calma: ‘Se fizer isso, vou ter que lhe prender'”, testemunhou o ex-comandante da Aeronáutica, reproduzindo as palavras de Freire Gomes.

Baptista Júnior detalhou ainda que, em 14 de dezembro, houve outra reunião no Ministério da Defesa, onde o então ministro da pasta, Paulo Sérgio Nogueira, apresentou uma minuta golpista aos comandantes das Forças Armadas.

“Com base em tudo o que estava acontecendo, perguntei: ‘O documento prevê a não assunção no dia 1º de janeiro do presidente eleito [Lula]? Ele, [Paulo Sérgio], disse: ‘Sim’. Eu disse que não aceitava nem receber esse documento. Levantei e fui embora”, declarou o ex-comandante da Aeronáutica.

Naquela mesma reunião, segundo Baptista Júnior, o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria se mostrado favorável ao plano, dispondo suas tropas para a iniciativa.

Por ter se recusado a aderir ao plano, o militar afirmou ter sofrido ataques orquestrados pelo ex-ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Para Baptista Júnior, a trama golpista não avançou por não ter contado com a adesão “unânime” das Forças Armadas.

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