EUA reativam base em Porto Rico e reforçam infraestrutura no Caribe em preparação a possível ação contra a Venezuela
A base militar americana de Roosevelt Roads, em Porto Rico, que por duas décadas esteve coberta pelo abandono, mato e ferrugem, voltou à ativa como ponto de apoio crucial para as Forças Armadas dos EUA. Outrora a maior estrutura da Marinha dos EUA no exterior, com 3.500 hectares, a base estava desativada desde 2004, mas seu ressurgimento ocorre em meio a uma escalada militar de Washington no Caribe.
Fontes americanas ligam a reativação da base, conhecida por ter sido idealizada em 1940 para ser “a Pearl Harbor do hemisfério”, a preparativos para uma possível ação direta contra a Venezuela. A mobilização coincide com a declaração do presidente Donald Trump, nesta segunda-feira, de que os dias de Nicolás Maduro como líder venezuelano estão contados, embora tenha negado o temor de uma guerra direta.
A ofensiva do governo Trump, que recentemente equiparou cartéis de drogas latino-americanos a organizações terroristas, tem transformado pequenas ilhas do Caribe em pontos de apoio logístico. Porto Rico, onde a maioria dos 10 mil militares atualmente mobilizados se acredita estar posicionada, tornou-se o principal foco da tensão.
Roosevelt Roads e outras novas instalações
Roosevelt Roads voltou a ser utilizada ativamente em setembro, servindo como ponto de partida para alguns dos mais modernos aviões de guerra, como caças furtivos F-35B, aeronaves de transporte de tropas Osprey e aviões de carga C-17 Globemaster III.
Uma análise detalhada de imagens de satélite feita pela agência Reuters confirmou que a instalação recebeu melhorias significativas. Modernização das pistas de taxiamento, o que permitiria o uso simultâneo por caças e aviões de carga, indicando preparo para um aumento substancial no número de pousos e decolagens. Instalação de equipamentos portáteis de apoio ao tráfego aéreo e outros equipamentos móveis de segurança. Identificação de ao menos 20 novas tendas montadas a sudeste da pista, próximas a um antigo hangar.
Para Christopher Hernandez-Roy, pesquisador sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), a reabertura da “enorme base” para acomodar a variedade de aeronaves americanas “faz todo o sentido” com o foco atual no Hemisfério Ocidental. O Comando Sul dos EUA descreve o local como uma “boa base de operações” devido à proximidade com as rotas de tráfico no Caribe.
A base porto-riquenha não é o único foco. Imagens de satélite indicam a construção de instalações em aeroportos civis em Porto Rico e em St. Croix, nas Ilhas Virgens: Aeroporto Henry E. Rohlsen (St. Croix): Registros mostram a ampliação do pátio de manobras e a instalação de um novo sistema de radar. Aeroporto Rafael Hernandez (Porto Rico): O segundo aeroporto civil mais movimentado da ilha recebeu equipamentos de comunicação, uma torre de controle de tráfego aéreo móvel (ferramenta usual em zonas de guerra ou desastres) e um depósito de munições.
Aumento sem precedentes de meios Militares
Oficiais e especialistas afirmaram à Reuters que essas construções e melhorias indicam preparativos que podem permitir às Forças Armadas americanas realizar missões dentro da Venezuela. A mobilização ocorre após fontes citadas pelo Miami Herald e Wall Street Journal reportarem que a Casa Branca teria definido alvos militares a serem atacados no país sul-americano.
Apesar da rejeição governamental sobre uma guerra direta, o emprego de meios militares na região é o maior em décadas:
- Meios navais: Oito navios de guerra estão na região, incluindo três contratorpedeiros equipados com mísseis teleguiados, um grupo de assalto anfíbio, navios de combate em águas rasas e um submarino nuclear. O porta-aviões USS Gerald Ford também teve seu envio confirmado.
- Apoio logístico: O contratorpedeiro USS Gravely, equipado com mísseis Tomahawk, aportou em Trinidad e Tobago, a poucos quilômetros do litoral venezuelano, sendo classificado por Caracas como uma “provocação” e um “ato hostil”.
- Meios aéreos: Houve um aumento na presença de aeronaves militares. Bombardeiros supersônicos Lancer e três bombardeiros B-52 realizaram voos de aproximação próximos à costa da Venezuela em outubro.


