Em resposta ao TCU, Banco Central esclarece decisão de liquidar o Banco Master
No limite do prazo regulamentar, o Banco Central (BC) encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU), nesta segunda-feira (29/12), as justificativas formais para a decretação da liquidação extrajudicial do Banco Master.
A manifestação surge em um momento de alta tensão institucional, respondendo a uma representação do Ministério Público que investiga se houve negligência ou falhas na supervisão da autoridade monetária sobre as operações do banco e de suas empresas controladas.
O processo, que tramita sob sigilo, coloca sob lupa a atuação do BC diante dos sinais de insolvência da instituição. Em novembro, a autoridade monetária optou pela medida extrema de liquidação, fundamentando a decisão em uma crise severa de liquidez e na detecção de violações graves às normas que regem o Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Questionamentos sobre soluções de mercado
Apesar dos argumentos técnicos apresentados pelo Banco Central, a condução do caso enfrenta resistência dentro do TCU. O ministro Jhonatan de Jesus levantou dúvidas sobre a celeridade da liquidação, sugerindo que a autarquia pode ter ignorado alternativas menos drásticas.
No centro do debate está uma proposta de R$ 3 bilhões feita pela Fictor Holding Financeira em meados de novembro. Para o ministro, era necessário avaliar se essa injeção de capital privado poderia ter saneado o banco sem a necessidade de intervenção estatal direta, preservando a estabilidade do mercado.
Fraudes bilionárias e desdobramentos no STF
O cenário de crise do Banco Master não se restringe à esfera administrativa. Paralelamente à liquidação, a Polícia Federal deflagrou a Operação Compliance Zero, que investiga um esquema de fraudes estimado em R$ 17 bilhões.
As investigações apontam para a concessão sistemática de créditos fictícios e lançam luz sobre as negociações que envolviam uma tentativa de compra da instituição pelo Banco de Brasília (BRB).
A resolução desse imbróglio ganhará um novo capítulo nesta terça-feira (30/12). O Supremo Tribunal Federal (STF) realizará uma acareação presencial entre um diretor do Banco Central e um executivo graduado do Banco Master.
O objetivo do encontro é confrontar versões divergentes sobre os fatos que levaram ao colapso da instituição e esclarecer se houve omissão ou conivência durante o processo de supervisão bancária.


