Em relatório, governo Trump critica Brasil e Alexandre de Moraes por suposta perseguição a Bolsonaro
O governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, prepara um relatório anual de direitos humanos que deve incluir críticas ao Brasil, com foco especial no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O documento, que seria enviado ao Congresso norte-americano nesta terça-feira (12), acusa o judiciário brasileiro de suposta perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, um aliado de Trump.
As informações foram obtidas pelo jornal The Washington Post, que teve acesso a rascunhos do relatório. Segundo a publicação, o texto sobre o Brasil foi reformulado durante a gestão Trump para apontar ações judiciais e policiais que teriam afetado Bolsonaro e seus apoiadores. Moraes, relator de investigações sobre os ataques de 8 de janeiro e a suposta trama golpista, é citado como figura central nesses processos.
Acusações são consideradas exageradas e politicamente motivadas
A reportagem do Washington Post destaca que a nova abordagem do Departamento de Estado reflete uma mudança de prioridade, focando em críticas a adversários políticos e protegendo países considerados aliados. Fontes ouvidas pelo jornal, incluindo ex-funcionários do governo e defensores de direitos humanos, classificam as acusações contra o Brasil como exageradas e politicamente motivadas.
Essa reformulação também teria ocorrido em relatórios sobre outros países, como África do Sul, El Salvador, Israel e Rússia, onde trechos que mencionavam corrupção e perseguição a minorias foram retirados.
Ex-funcionários acusam manipulação política
A alteração dos relatórios causou tensão interna no Departamento de Estado. A ex-subsecretária de Estado para Direitos Humanos, Uzra Zeya, acusou o secretário de Estado, Marco Rubio, de “usar como arma e distorcer a política de direitos humanos” para beneficiar aliados e atacar críticos.
O documento, que serve de base para as decisões políticas e diplomáticas do governo americano, é considerado uma ferramenta de pressão internacional. Representantes da embaixada brasileira em Washington não comentaram sobre o assunto.
Sanções a Moraes foram impostas em julho
As críticas a Moraes já haviam ganhado força no final de julho, quando os Estados Unidos, por meio do Departamento do Tesouro, impuseram sanções ao ministro. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, acusou Moraes de ser “juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal” e de conduzir uma “campanha opressiva de censura e detenções arbitrárias”, inclusive contra Bolsonaro.
As sanções foram aplicadas com base na Lei Magnitsky, que permite ao governo americano bloquear bens de estrangeiros envolvidos em corrupção ou abusos de direitos humanos. Como resultado, todos os bens e interesses de Moraes em território americano foram bloqueados.
