Crise no Caribe: Rússia ‘pronta para agir’ perto da Venezuela enquanto a frota dos EUA chega à costa

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A Rússia declarou estar “pronta” para dar apoio total à Venezuela, intensificando as tensões com os Estados Unidos, que reforçaram significativamente sua presença militar perto da costa sul-americana. A afirmação foi feita pelo Ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, na terça-feira.

O apoio de Moscou baseia-se em uma parceria estratégica de longo prazo e um acordo mútuo assinado em maio, que, segundo Lavrov, está “quase lá” para entrar em vigor após a fase final de ratificação pelo Legislativo russo.

“O Kremlin está pronto para agir plenamente dentro da estrutura das obrigações que foram mutuamente estipuladas neste acordo com nossos amigos venezuelanos”, disse Lavrov, destacando a continuidade da cooperação em segurança e técnico-militar.

Escalada militar e ‘campanha antidrogas’ dos EUA

O aumento da tensão ocorre em paralelo à intensificação da presença militar dos EUA, que enviou o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo, juntamente com três navios de guerra, para águas próximas à Venezuela na terça-feira.

A Casa Branca enquadra essa mobilização como parte de uma campanha letal de repressão ao tráfico de drogas da América Latina. No entanto, o país sul-americano protestou veementemente, classificando a concentração de forças como uma ameaça. O Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, ordenou a mobilização de 200 mil soldados em todo o país contra a “ameaça” americana.

Especialistas internacionais, como Carlos Solar do RUSI, questionam se o Presidente dos EUA, Donald Trump, estaria visando a derrubada do líder venezuelano, Nicolás Maduro.

Opções de armamento russo e alianças

Embora Lavrov tenha afirmado que Caracas não solicitou assistência militar nem envio de armamento adicional, um alto funcionário russo sugeriu a possibilidade de fornecer mísseis avançados.

Comentário: Alexei Zhuravlev, membro da comissão de defesa da Duma Estatal, mencionou a possibilidade de fornecer o míssil balístico Oreshnik — que Moscou utilizou em um ataque à Ucrânia há um ano — e mísseis de cruzeiro Kalibr.

Declaração: “Fornecemos ao país praticamente toda a gama de armamentos, desde armas leves até aeronaves,” disse Zhuravlev, alertando: “Os americanos podem ter algumas surpresas.”

A Venezuela tem laços militares de longa data com Moscou, abrigando conselheiros e comprando suprimentos, embora seus sistemas de defesa antiaérea, como os mísseis S-300, sejam considerados vulneráveis a um ataque americano.

Impacto regional e solidariedade

A agressividade da campanha antidrogas dos EUA, que resultou em pelo menos 75 mortes desde setembro, está prejudicando as relações dos EUA com aliados-chave.

Colômbia: O presidente Gustavo Petro ordenou a suspensão do compartilhamento de informações de segurança e inteligência com os EUA.

Reino Unido: Também interrompeu o compartilhamento de informações sobre embarcações suspeitas de tráfico de drogas.

O Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil Pinto, expressou gratidão pela “firme solidariedade da Rússia na defesa de nossa soberania”, enquanto a porta-voz russa, Maria Zakharova, reiterou que Moscou está pronta para “responder adequadamente às solicitações” de Caracas.

Apesar da forte aliança, analistas como Carlos Solar apontam que a Venezuela é quem mais se beneficia do acordo, ao garantir um aliado de peso próximo aos EUA.

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