Corais atingem colapso global irreversível; pesquisadores alertam sobre futuro do planeta
É oficial: o planeta atingiu uma temperatura insustentável para a sobrevivência dos recifes de corais de água quente. O Relatório Global de Pontos de Inflexão de 2025, que reuniu 160 cientistas de 23 países, alerta que este é o primeiro de muitos sistemas frágeis da Terra que estão em risco iminente de colapso devido ao aquecimento global.
O relatório confirma que a temperatura global já ultrapassou o patamar de 1,2 °C acima das médias pré-industriais, ponto em que a morte em massa dos recifes se tornou irreversível.
Branqueamento e inação:
O colapso dos vibrantes “jardins subaquáticos” do planeta – da Grande Barreira de Corais, na Austrália, ao Recife Sombrero, nos EUA – é resultado direto do aquecimento global. Nos últimos dois anos, o mundo operou com aquecimento próximo a 1,5 °C, e as ondas de calor marinho geraram um branqueamento sem precedentes em 80% dos recifes do mundo, segundo Tim Lenton, cientista da Universidade de Exeter e colaborador do estudo.
O ciclo de branqueamentos globais está ocorrendo com tanta frequência que os corais não têm tempo de se recuperar, ameaçando a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que sustentam milhões de pessoas.
- Impacto Econômico e Social: “Meio bilhão de pessoas dependem desses recifes para sua subsistência, incluindo pesca e proteção costeira, e os serviços ecossistêmicos… são avaliados em mais de US$ 2 trilhões por ano”, explicou Lenton.
- Recuperação Condicional: A recuperação dos recifes só seria possível “se conseguirmos resfriar as coisas novamente”, diz o cientista.

Ameaça irreversível e outros “dominós”:
Os cientistas alertam que, na trajetória atual, as emissões de gases de efeito estufa podem levar a um aquecimento de 2,5 a 3 °C neste século, comprometendo o planeta com a travessia de muitos outros pontos de inflexão.
O próximo “dominó” prestes a cair pode ser o colapso de partes das camadas de gelo da Antártida Ocidental ou da Groenlândia, o que aceleraria o aumento do nível do mar.
Mike Barrett, cientista-chefe do WWF-Reino Unido, afirma que a situação dos corais é um “canário em uma mina de carvão” para o planeta. “A menos que ajamos decisivamente agora, também perderemos a Floresta Amazônica, as camadas de gelo e as correntes oceânicas vitais”, alertou, descrevendo o cenário como “verdadeiramente catastrófico para toda a humanidade.”
Pontos de inflexão positivos e apelo à ação:
Apesar do cenário sombrio, o relatório também identifica “pontos de inflexão positivos”, como a competitividade das energias renováveis (eólica, solar e armazenamento em baterias) em relação às fontes tradicionais. Os pesquisadores defendem que a transição energética deve ser acelerada.
Os autores do relatório fazem um apelo urgente para que as negociações climáticas da COP30, em novembro, priorizem a identificação e o desencadeamento de mais pontos de inflexão positivos.
Manjana Milkoreit, socióloga da Universidade de Oslo, incentivou a população a não ignorar o problema: “Passar por esses pontos de inflexão não representa um risco futuro abstrato, mas uma ameaça presente às liberdades fundamentais, ao bem-estar e à justiça.”


