COP30 abre as portas em Belém; entenda por que esta é a conferência mais decisiva da história

Compartilhe

A 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30) teve início nesta segunda-feira (10) em Belém, no Pará, marcando a primeira vez que o evento é realizado na Amazônia. O encontro de duas semanas é visto como um momento crucial para a ação global contra as mudanças climáticas.

Cerca de 50 mil participantes – incluindo diplomatas, líderes políticos, ativistas, cientistas e empresários – estão reunidos. A Cúpula de Líderes, que encerrou na sexta-feira (7), já estabeleceu as prioridades políticas:

  • Acelerar a transição energética (substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis).
  • Ampliar o financiamento climático para ações de mitigação e adaptação. Proteger as florestas tropicais.
  • As atenções agora se voltam para as mesas de negociação, onde esses compromissos precisam se traduzir em planos concretos, com metas, prazos e recursos definidos.
O que é a COP30?

A COP30 é a 30ª edição da Conferência das Partes (sigla em inglês para Conference of the Parties), o principal encontro anual da ONU para discutir e buscar soluções para a crise climática causada pela humanidade.

A conferência reúne governos, diplomatas, cientistas e a sociedade civil de 197 nações que assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) no início da década de 1990. O objetivo central do tratado é estabilizar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.

A urgência do encontro é reforçada por dados como o de outubro de 2025, que foi o terceiro mais quente já registrado no planeta, contribuindo para que 2025 seja um dos três anos mais quentes da história.

Eixos de discussão na COP30

As negociações em Belém se concentram em três temas principais, essenciais para avançar na agenda climática:

1 Transição energética

O Brasil busca liderar a criação de um “mapa do caminho” global. Este roteiro político e técnico visa definir as etapas, prazos e responsabilidades para a substituição de petróleo, gás e carvão por fontes renováveis e medidas de eficiência energética.

A meta é garantir uma transição justa, ordenada e equitativa, transformando o compromisso de abandonar os combustíveis fósseis, firmado na COP28, em um plano com metas e mecanismos verificáveis. Críticos como o Greenpeace alertam que a COP30 “simplesmente, precisa promover a mudança urgente” para não perder a chance de limitar o aquecimento a 1.5 °C.

2. adaptação climática

Um ponto central é o Objetivo Global de Adaptação (GGA), parte do Marco UAE–Belém. Este instrumento é considerado vital para medir o preparo dos países diante dos impactos crescentes do clima e identificar quem está ficando para trás. O principal desafio é assegurar recursos estáveis e previsíveis para que o GGA não se torne um mero “ritual simbólico”.

3. Financiamento

Países em desenvolvimento reivindicam que a crise climática seja tratada como parte da economia global, não como um tema isolado. A conferência tem o desafio de dar substância ao Roteiro de Baku a Belém, que busca mobilizar 1.3 trilhão (um trilhão por ano até 2035 em financiamento climático (com juros baixos, mais doações e menos endividamento). O sucesso da COP depende da mobilização de recursos em escala para viabilizar as metas de descarbonização e adaptação.

A posição e expectativas do governo Lula

O governo brasileiro busca consolidar-se na COP30 como protagonista global na agenda climática e como mediador entre o Norte e o Sul Global. Sua estratégia se baseia em dois pilares principais:

  • Defende um equilíbrio entre o avanço de energias renováveis e a valorização de combustíveis sustentáveis (como hidrogênio verde, biogases e biocombustíveis), argumentando que a eletrificação sozinha não basta para descarbonizar setores pesados. O Brasil aposta no Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4X), uma iniciativa para quadruplicar o uso global desses combustíveis até 2035.
  • Financiamento Inovador: Busca consolidar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Este fundo usa um modelo de investimento de renda fixa para gerar recursos permanentes que remuneram países (como Brasil, Indonésia e Congo) que mantêm suas florestas em pé, tratando a conservação como uma oportunidade econômica.

Apesar da expectativa de reafirmar a liderança climática, o governo enfrenta críticas da sociedade civil sobre a aposta em combustíveis sustentáveis e o licenciamento de blocos de petróleo na Margem Equatorial, que podem comprometer a coerência do discurso de descarbonização.

Liderança e organização da COP30

A responsabilidade pelo êxito da COP30 não recai sobre uma única pessoa, mas sim sobre o consenso de milhares de representantes. Contudo, há lideranças-chave no processo:

  • Embaixador André Corrêa do Lago (Presidente da COP30): É responsável por mediar as negociações entre mais de 190 países e costurar um texto final equilibrado que impulsione os avanços necessários.
  • Ana Toni (Diretora-Executiva da Conferência): Garante o bom funcionamento da estrutura, coordenando agendas e assegurando que os grupos de trabalho e as discussões sigam o cronograma intenso e apertado das conferências da ONU.

As decisões são tomadas após um ciclo de reuniões técnicas entre delegados, encontros de alto nível com ministros e, por fim, decisões políticas envolvendo chefes de Estado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

www.clmbrasil.com.br