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Cientistas preocupados com o avanço da gripe aviária, que pode se tornar a próxima pandemia global

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A comunidade científica global está em alerta máximo devido à expansão da gripe aviária H5N1, que já se espalhou por todos os continentes, com exceção da Oceania. O que mais preocupa é a capacidade inédita do vírus de infectar mamíferos, incluindo gatos, vacas e até seres humanos. Nos Estados Unidos, o H5N1 já foi detectado em todos os estados e em mais de mil rebanhos leiteiros, gerando temores de uma nova pandemia.

Embora ainda não haja uma transmissão sustentada de pessoa para pessoa, especialistas alertam para o risco de uma “mudança súbita” no comportamento do vírus. Mutações poderiam facilitar sua propagação aérea, como acontece com outras gripes, transformando-o em um agente pandêmico.

Neste ano, 70 infecções humanas foram confirmadas, com alguns casos graves, como o de uma adolescente canadense que sofreu falência múltipla de órgãos, e a morte de um idoso nos EUA após contato com aves de quintal.

Apesar dos riscos, cientistas criticam a vigilância ineficiente. No Brasil, o primeiro caso em aves comerciais foi registrado este mês no Rio Grande do Sul, afetando as exportações do setor avícola e resultando em restrições comerciais de países como China, Argentina e membros da União Europeia.

Uma das maiores preocupações é a multiplicação das rotas de transmissão entre espécies. Gatos, por exemplo, estão morrendo com uma taxa de letalidade de 90% após serem infectados por carne crua, leite contaminado ou contato com outros animais doentes. Um levantamento global registrou 607 casos de infecção felina entre 2004 e 2024, com 302 óbitos.

Desde 2003, mais de 700 infecções humanas por H5N1 foram notificadas à OMS, com alta taxa de mortalidade. O risco de mutações que favoreçam a transmissão entre humanos está aumentando, especialmente em ambientes de contato frequente com animais, como fazendas e abatedouros. A instabilidade nos sistemas de saúde, agravada por cortes em programas de testagem, também prejudica a resposta global.

A vacinação de aves é uma das estratégias em debate, embora enfrente desafios logísticos e comerciais. Países como França, China, México e Índia já aplicam vacinas com resultados positivos. A União Europeia discute diretrizes comuns para vacinação, e os EUA, após anos de resistência, aprovaram recentemente uma nova vacina para aves.

Para humanos, governos estão estocando vacinas para cenários de emergência, principalmente para trabalhadores em contato direto com animais. Kamran Khan, médico da Universidade de Toronto, explica que essas vacinas poderiam ser usadas como resposta rápida em caso de pandemia, enquanto uma versão adaptada seria desenvolvida em larga escala posteriormente.

No Brasil, o Ministério da Agricultura confirmou a chegada do vírus à cadeia produtiva comercial, exigindo ações coordenadas de vigilância e contenção. Especialistas alertam que aves migratórias podem acelerar ainda mais o avanço do vírus no país e entre fronteiras internacionais.

Autoridades recomendam que pessoas em contato com aves ou leite cru fiquem atentas a sintomas como conjuntivite, febre e problemas respiratórios, e que casos suspeitos sejam testados rapidamente. Enquanto isso, cientistas reforçam a necessidade urgente de ampliar a vigilância global, monitorar animais domésticos e de criação e preparar a população para uma possível nova emergência sanitária.

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