Cientistas detectam bactéria mortal que ultrapassa limites de medicamentos
Uma pesquisa publicada em 2022 revelou que a febre tifoide, uma antiga doença que ainda causa milhões de casos anualmente, está se tornando um perigo moderno e global. A bactéria Salmonella Typhi está desenvolvendo e disseminando uma resistência ampla e acelerada aos medicamentos, superando rapidamente as cepas tratáveis.
Cientistas sequenciaram milhares de cepas coletadas no Sul da Ásia (o epicentro da doença) e descobriram um aumento alarmante de cepas Extensivamente Resistentes a Medicamentos (XDR). Essa superbactéria não só é imune aos antibióticos de primeira linha, mas também está superando tratamentos mais recentes, como fluoroquinolonas. O maior risco reside no fato de que o macrolídeo azitromicina é hoje o único antibiótico oral eficaz restante, mas mutações que conferem resistência a ele também estão se espalhando, ameaçando a eficácia de todos os tratamentos orais disponíveis.
Apesar de a maioria dos casos de XDR Typhi ter origem no Sul da Ásia, os pesquisadores alertam que a cepa está se espalhando globalmente de forma acelerada. Quase 200 casos de disseminação internacional foram identificados desde 1990, atingindo regiões da África e do Sudeste Asiático. Preocupa ainda mais o fato de a superbactéria ter sido rastreada em países desenvolvidos como Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, o que, segundo especialistas, reforça a necessidade urgente de expansão das medidas preventivas em todo o mundo.
Diante da falência iminente dos antibióticos—visto que a resistência antimicrobiana já mata mais do que o HIV/AIDS ou a malária—a prevenção se torna a chave. A comunidade científica apela para a rápida expansão do acesso às vacinas conjugadas contra a febre tifoide (TCV) em países endêmicos.
O Paquistão já lidera, sendo a primeira nação a adotar a imunização de rotina. Os especialistas afirmam que, assim como a COVID-19 demonstrou, as variantes de doenças se espalham facilmente no mundo globalizado e é imperativo agir agora, ampliando a vacinação e investindo em novas pesquisas, para evitar que o mundo enfrente uma nova crise de saúde.
