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Cientistas descobrem uma misteriosa camada de rocha que impede a erupção de Yellowstone

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Uma colaboração entre pesquisadores de quatro universidades americanas — Rice, Novo México, Utah e Texas — pode ter resolvido um dos maiores mistérios geológicos do mundo: o motivo pelo qual o supervulcão de Yellowstone, temido por seu potencial destrutivo, permanece inativo por tanto tempo. Em um estudo publicado na revista Nature, a equipe afirma ter descoberto uma enorme “tampa” de rocha derretida que está impedindo uma erupção.

A Descoberta

O estudo, intitulado “Uma capa rica em voláteis para o sistema magmático de Yellowstone”, revela que a equipe, liderada pelo geocientista Brandon Schmandt, da Universidade de Utah, encontrou uma camada de rocha derretida a aproximadamente 3,8 quilômetros abaixo da superfície do parque. Essa camada age como uma barreira, retendo o calor e a pressão do magma que está abaixo.

Schmandt explica que a descoberta foi um marco, já que, por décadas, os cientistas sabiam da existência de magma em Yellowstone, mas a profundidade e a estrutura exata de seu limite superior eram desconhecidas. Para mapear essa estrutura, a equipe utilizou uma técnica sísmica inovadora: um caminhão de 24.000 kg, chamado vibroseis, gerou vibrações que funcionaram como pequenos terremotos. Os pesquisadores, então, rastrearam os ecos para criar uma imagem detalhada do que estava abaixo do solo.

Por que o Supervulcão não eclode

Apesar da presença de magma altamente explosivo (magma de riolito) e água superaquecida abaixo da camada derretida, a equipe de Schmandt afirma que Yellowstone está seguro por enquanto. A pesquisa mostrou que cerca de metade da camada de magma está preenchida com bolhas de gás, e o vulcão libera esse gás de forma constante através de rochas porosas. Isso alivia a pressão interna, reduzindo significativamente o risco de uma erupção.

“Parece que o sistema está liberando gás de forma eficiente através de rachaduras e canais entre os cristais minerais”, comentou Schmandt, destacando que essa liberação constante de gases magmáticos é visível nas abundantes características hidrotermais de Yellowstone.

O trabalho foi complexo, com a equipe enfrentando desafios logísticos, como a realização do estudo durante a pandemia de COVID-19 e a necessidade de coordenar as atividades em um parque tão movimentado. A parte de processamento de dados também foi particularmente difícil, já que a geologia complexa de Yellowstone dispersa as ondas sísmicas, tornando a leitura inicial quase impossível. O coautor do estudo, Chenglong Duan, ressaltou a importância da persistência: “O desafio era que os dados brutos tornavam quase impossível visualizar quaisquer sinais de reflexão. Mas, quando você vir dados confusos e desafiadores, não desista.” A equipe precisou ser criativa e adaptar sua abordagem para decifrar os resultados, o que os levou à descoberta revolucionária.

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