Cientistas descobrem origem da enigmática mancha vermelha lunar
Cientistas planetários, liderados por Xiandi Zeng da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, encontraram a provável explicação para a existência de hematita (Fe2O3), ou ferrugem, nos polos lunares, apesar da falta de atmosfera e oxigênio na Lua. A resposta está no vazamento de oxigênio da Terra, que interage quimicamente com o satélite.
A hematita se forma pela oxidação do ferro. Sua descoberta na Lua era um mistério, pois nosso satélite não tem atmosfera e é constantemente bombardeado pelo vento solar, que contém hidrogênio. O hidrogênio é um agente redutor, que deveria anular qualquer processo de oxidação.
A conexão magnética Terra-Lua
A teoria proposta e confirmada em laboratório sugere que a cauda magnética da Terra, formada pelo vento solar, se estende para o espaço e canaliza íons de oxigênio que vazam da atmosfera terrestre.
- Durante a Lua Cheia, por cerca de cinco dias por mês, a Lua passa por essa cauda magnética, sendo bombardeada por oxigênio terrestre e, ao mesmo tempo, ficando na sombra da Terra, o que bloqueia 99% do hidrogênio do vento solar.
- Essa combinação de oxigênio em alta e hidrogênio em baixa cria as condições ideais para a oxidação do ferro lunar.

Simulações de Laboratório e confirmação
Os pesquisadores realizaram experimentos simulando os processos lunares, disparando íons de oxigênio contra minerais ricos em ferro (como ilmenita e troilita, além de ferro metálico).
- Os resultados mostraram que o oxigênio é capaz de oxidar o ferro metálico.
- A equipe confirmou que o vento solar (hidrogênio de baixa energia) não é forte o suficiente para reverter rapidamente a oxidação causada pelo influxo periódico de oxigênio terrestre.
- Isso também explica por que a hematita se concentra perto dos polos lunares: a cauda magnética da Terra canaliza o oxigênio para essas latitudes elevadas.

Água e história do oxigênio terrestre
A pesquisa também resolve outro mistério: a água encontrada frequentemente perto da hematita lunar. Os experimentos indicaram que a água é, na verdade, um subproduto da redução da hematita.
Os cientistas destacam que essa troca de material entre a Terra e a Lua pode ter persistido por mais de 4 bilhões de anos. A hematita lunar pode, portanto, ser um registro da história do oxigênio na atmosfera terrestre, remontando ao Grande Evento de Oxidação.
Essas descobertas ressaltam a importância de futuras missões, como a indiana Chandrayaan-3 e a chinesa Chang’E-7 (ambas com foco no polo sul lunar), para aprofundar o entendimento dessa complexa história interligada entre os dois corpos celestes.
