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Cientistas criam adesivo inteligente que lê a saúde pelo suor, que dispensa exames de sangue

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A era da saúde personalizada está cada vez mais próxima, e a chave para isso pode não estar em uma agulha, mas sim no suor. Pesquisadores do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST) desenvolveram um adesivo inteligente vestível capaz de analisar a composição do suor para monitorar com precisão as condições internas do corpo. A inovação promete um futuro onde o controle de doenças crônicas e o bem-estar diário são tão simples quanto colar um adesivo na pele.

O Fim da Picada: como o adesivo funciona

O estudo, publicado recentemente, descreve um adesivo fino e flexível que coleta o suor em microcanais minúsculos, mais finos que um fio de cabelo humano. Dentro desses canais, uma estrutura nanoplasmônica ultrafina utiliza a luz para analisar os componentes do suor em tempo real. Essa abordagem “sem rótulos” é a grande revolução, pois, ao contrário dos sensores convencionais, ela não precisa de marcadores químicos ou enzimas para identificar as moléculas.

Jaehun Jeon, coautor do estudo, explica que o adesivo já consegue analisar simultaneamente três moléculas essenciais: ácido úrico, lactato e tirosina. Ele ressalta que essa tecnologia, ao capturar as mudanças metabólicas em tempo real, oferece uma visão muito mais dinâmica do corpo do que um exame de sangue pontual.

Do diagnóstico à saúde personalizada

Atualmente, o adesivo é mais diretamente comparável a um exame de sangue para ácido úrico, usado no diagnóstico de gota. No entanto, sua principal vantagem é o monitoramento contínuo e não invasivo, que permite observar como o metabolismo reage à dieta e ao exercício. Isso abre um leque de possibilidades para estratégias personalizadas de bem-estar, ajudando a otimizar treinos e planos alimentares de forma inédita.

A equipe do KAIST demonstra ambição em expandir a capacidade do adesivo. A meta é aumentar o número de metabólitos detectáveis além dos três iniciais. Segundo Jeon, a descoberta “abre a porta” para a identificação de novos biomarcadores relacionados a condições como estresse, sarcopenia (perda muscular) e fadiga crônica, onde o diagnóstico ainda é um desafio. No futuro, a inclusão de moléculas como a glicose poderia até mesmo revolucionar o monitoramento do diabetes.

Embora o campo de sensores vestíveis para análise de suor não seja novo, ele enfrentava dificuldades para coletar e controlar o suor de forma eficaz, o que limitava a precisão das medições. A tecnologia do KAIST resolve esse problema com um novo processo de nanofabricação que permite o rastreamento de alterações nos metabólitos ao longo do tempo. Além disso, a análise por inteligência artificial ajuda a distinguir com precisão os sinais de substâncias desejadas, mesmo na complexa composição do suor.

O professor Ki-Hun Jeong, autor do estudo, celebra a conquista: “Esta pesquisa estabelece as bases para o monitoramento preciso das mudanças metabólicas internas ao longo do tempo, sem coleta de sangue”. Ele prevê um impacto em diversos campos, como o gerenciamento de doenças crônicas, o acompanhamento de respostas a medicamentos e a descoberta de novos biomarcadores. Com a promessa de ser um adesivo descartável e de baixo custo, a tecnologia do KAIST nos aproxima de um futuro onde a saúde é medida com luz e suor, e não mais com agulhas.

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