China desloca megafrota de navios de guerra em ação incomum perto de Taiwan e eleva o alerta no Pacífico

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A Marinha do Exército de Libertação Popular da China (ELP) realizou um significativo e incomum deslocamento naval, mobilizando mais de 90 navios de guerra por uma vasta área do Oceano Pacífico. A operação se estendeu do sul do Mar Amarelo até o Mar da China Meridional, incluindo o Mar da China Oriental, conforme relatado pela agência Reuters.

O grande destacamento de navios é visto por fontes de inteligência anônimas como uma potencial resposta às recentes declarações de líderes regionais. A mobilização em larga escala começou após 14 de novembro, data em que o embaixador japonês em Pequim foi confrontado pelas falas da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi.

Em meados de novembro, o secretário-chefe do gabinete japonês prometeu que Tóquio tomaria medidas militares caso Pequim enviasse forças armadas em direção a Taiwan, o que gerou uma forte resposta diplomática chinesa.

Pequim também expressou indignação com o anúncio de Taiwan de um gasto adicional de US$ 40 bilhões em defesa para conter a China continental. Em meio à escalada, o Ministério da Defesa chinês emitiu um aviso ao Japão, alertando sobre uma “derrota esmagadora” caso Tóquio interfira na questão de Taiwan.

O tamanho e o escopo da operação naval

As fontes anônimas indicaram que a concentração de navios da Marinha e da Guarda Costeira chinesas chegou a ultrapassar a centena em “determinado momento”, embora tenha diminuído ligeiramente nos últimos dias. Quatro formações navais distintas foram avistadas operando no Pacífico Ocidental.

As operações não se limitaram ao Estreito de Taiwan. O deslocamento se estendeu do Mar Amarelo, passando pelo Mar da China Oriental (próximo às disputadas Ilhas Diaoyu), até o Mar da China Meridional e o Pacífico Ocidental. Apesar da atividade, a China não anunciou oficialmente nenhum exercício de treinamento em larga escala, o que é incomum para uma mobilização deste porte.

O chefe da inteligência de Taiwan, Tsai Ming-yen, observou que o período de outubro a dezembro é a “alta temporada” para os “exercícios anuais de avaliação” de Pequim, mas alertou para a possibilidade de o Partido Comunista Chinês transformar essas atividades rotineiras em exercícios direcionados a Taiwan.

Resposta e posição oficial da China

Diante do cenário de tensão, Taiwan instou a China a “exercer moderação”, embora tenha manifestado confiança em lidar com a situação.

Por sua vez, o Ministério da Defesa chinês e a mídia estatal mantiveram silêncio sobre o aumento da atividade. O porta-voz do Ministério da Defesa, Jiang Bin, afirmou que o treinamento da Marinha em alto-mar está em conformidade com o direito internacional e não é “direcionado a nenhum país ou alvo específico”, ao responder a uma pergunta sobre uma flotilha que estaria se dirigindo para a Austrália.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China reiterou que Pequim “tem seguido consistentemente uma política defensiva” e pediu que “partes relevantes” não “reajam de forma exagerada ou… se envolvam em alarde infundado”. A China mantém sua posição de não descartar o uso da força para tomar Taiwan e reivindica soberania sobre quase todo o Mar da China Meridional.

Mudança de rumo na defesa regional

Historicamente, os Estados Unidos têm sido o principal aliado de segurança de Taiwan. No entanto, a administração do presidente Donald Trump sinalizou uma possível mudança nessa política. Um documento estratégico recente sugeriu que aliados asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, deveriam assumir uma parcela maior da responsabilidade pela defesa da região.

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