Chefe da OTAN alerta a Rússia: queda de drone russo na Polônia “não ficará sem resposta”
A queda de um drone russo em solo polonês causou alvoroço e reacendeu o debate sobre a segurança nas fronteiras da Polônia com a Ucrânia e a Bielorrússia. O incidente, ocorrido na noite de 19 de agosto na voivodia de Lublin, resultou em uma resposta imediata da OTAN e da própria Polônia.
OTAN promete resposta
Em uma coletiva de imprensa, o Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, ao lado do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, afirmou que o incidente não passará impune. “Eles precisam responder a este último incidente”, disse Rutte, referindo-se à Polônia e garantindo o apoio e a coordenação da aliança. Apesar da gravidade, Rutte evitou classificar o evento como uma “provocação” russa ou um teste ao Artigo 5 da OTAN, que considera um ataque a um membro como um ataque a todos. O Ministério das Relações Exteriores da Polônia, por sua vez, já entregou uma nota de protesto à Rússia.
Nível de ameaça e a origem do drone
Para o especialista militar Andrzej Kiński, em entrevista à Euronews, o risco imediato para a população civil é baixo, considerando os incidentes anteriores. “A escala do perigo real não é grande até o momento”, avaliou, embora ressalte que “cada vida humana não tem preço”. Kiński também alerta que, com a continuidade do conflito, a presença de armas em território polonês pode se tornar mais comum.
A origem do drone é um ponto de discórdia. Enquanto o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa Nacional, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, classificou a explosão como uma “provocação à Federação Russa”, o promotor Grzegorz Trusiewicz, da Procuradoria Regional de Lublin, afirmou que “tudo indica que ela veio da Bielorrússia”. O especialista Kiński corrobora a cautela, declarando que não há como afirmar com certeza se o incidente foi uma provocação ou uma falha técnica. “Certas descobertas no local do drone abatido me deixam cauteloso em relação a esta declaração [do ministro]”, acrescentou.
Falha de radar levanta preocupações
O fato de os sistemas de defesa aérea poloneses não terem detectado o drone antes de sua queda gerou preocupação. O Major-General Dariusz Malinowski, vice-comandante do Comando Operacional das Forças Armadas, sugeriu que o drone pode ter voado em uma altitude muito baixa para ser detectado pelo campo de radar. Andrzej Kiński aprofunda a análise, explicando que em tempos de paz, o campo de radiolocalização cobre o país apenas a partir de três mil metros de altitude. Para altitudes menores, é necessário um estado de crise para ativar outras estações.
Apesar de um contrato recente de US$ 960 milhões para a aquisição de um novo sistema de radares aerostáticos chamado “BARBARA”, Kiński expressa ceticismo. Ele argumenta que o sistema pode não ser totalmente eficaz em um cenário de conflito ativo, e que a imensa extensão da fronteira leste da Polônia torna impossível uma cobertura de radar completa em todas as altitudes.
