Calor escaldante derrete recordes na Europa: continente vive onda de temperaturas históricas
Continente enfrenta um “coquetel molotov” de condições climáticas, com temperaturas superando 40°C em diversas regiões, resultando em tragédias e alertas máximos.
Uma onda de calor implacável está reescrevendo os livros de recordes de temperatura em toda a Europa, provocando incêndios florestais de maior intensidade e extensão. A crise climática se manifesta de forma contundente, com especialistas alertando que o cenário atual é um prenúncio de um futuro ainda mais quente e perigoso.
Recordes de Temperatura em Cascata
No coração da Europa, os termômetros atingiram níveis sem precedentes. No sudoeste da França, cidades como Bordeaux registraram temperaturas até 12°C acima da média histórica. A Météo France, agência meteorológica do país, classificou as máximas como “notáveis, até sem precedentes”. A situação se repete em outras nações:
- Na Croácia, cidades costeiras como Šibenik (39,5°C) e Dubrovnik (38,9°C) registraram novos recordes, enquanto o país luta contra incêndios devastadores.
- A Hungria viu seu recorde diário de temperatura máxima ser quebrado em Körösladány (39,9°C), e a capital, Budapeste, sufocou com 38,7°C.
O fenômeno não se restringe à Europa. No Canadá, dezenas de recordes de temperatura foram superados, e no Iraque, o calor extremo, acima de 50°C, foi responsabilizado por um apagão nacional. Curiosamente, essa onda de calor no sul da Europa ocorre enquanto os países nórdicos se recuperam de temperaturas inéditas acima de 30°C no Círculo Polar Ártico.
“Este verão, como todos os verões atuais, tem sido excepcional em termos de calor extremo em todo o mundo”, afirma Bob Ward, diretor de políticas do Grantham Research Institute.
Incêndios Florestais: A Consequência Imediata
O calor intenso e a secura da vegetação criaram o que cientistas descrevem como um “coquetel molotov” para incêndios florestais. A União Europeia projeta “condições extremas a muito extremas” em todo o continente, com riscos particularmente graves no sul.
Os números são alarmantes: os incêndios na Europa já consumiram mais de 400.000 hectares este ano, um aumento de 87% em relação à média das últimas duas décadas para esta época do ano.
O Custo Humano do Calor Extremo
Além dos danos ambientais, o calor representa uma ameaça direta à vida. Tragédias já foram registradas:
- Na Itália, onde 16 cidades estão em alerta vermelho, um menino de quatro anos morreu de insolação.
- Na Espanha, um homem faleceu em um incêndio florestal após sofrer queimaduras em 98% do corpo.
José Camacho, climatologista da agência meteorológica espanhola (Aemet), destaca que, mesmo onde recordes não foram quebrados, a “duração e a extensão” da onda de calor são motivo de grande preocupação.
Pesquisadores estimam que, até o final do século, as temperaturas perigosas na Europa poderão causar entre 8.000 e 80.000 mortes a mais por ano. Antonio Gasparrini, epidemiologista da London School of Hygiene & Tropical Medicine, ressalta a necessidade urgente de medidas de saúde pública eficazes e diversificadas para enfrentar a crescente frequência das ondas de calor.
Um Sinal Inequívoco das Mudanças Climáticas
Para os cientistas, não há dúvidas sobre a causa raiz. “Infelizmente, isso era de se esperar”, comenta Lauriane Batté, climatologista da Météo France, apontando que mais da metade das 51 ondas de calor na França desde 1947 ocorreram nos últimos 15 anos. “Claramente, é um sinal de que o clima está esquentando”, completa.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) reforça que os incêndios florestais e a consequente má qualidade do ar agravam os impactos negativos do calor extremo na saúde.
A conclusão dos especialistas é sombria e direta. “É assim que as mudanças climáticas se apresentam”, diz Bob Ward. “E só vai piorar.”
