Brasil envia resposta aos EUA em meio a escalada de tensão comercial
O Brasil enviará nesta segunda-feira (18) a resposta formal ao governo de Donald Trump sobre a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos. O documento será protocolado pela Embaixada brasileira em Washington.
A investigação, iniciada em 15 de julho, acusa o Brasil de práticas comerciais “desleais” que prejudicam a economia americana. Em resposta, uma força-tarefa composta por diversos órgãos do governo brasileiro foi mobilizada pelo Itamaraty para elaborar a defesa do país.
Como parte da pressão, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) já impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, como a carne bovina e o café. Outros itens, inicialmente na mira, como suco de laranja e derivados de aço, foram incluídos em uma lista de exceções.
Disputa e discordâncias
Apesar de o Brasil ser o segundo maior parceiro comercial dos EUA, atrás apenas da China, a relação tem sido marcada por atritos. Trump tem afirmado, de forma equivocada, que a balança comercial é deficitária para os americanos.
Em contrapartida, cálculos do governo brasileiro, divulgados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicam que nos últimos 15 anos o saldo comercial foi favorável aos EUA em mais de US$ 400 bilhões.
Na semana passada, o Itamaraty publicou nas redes sociais que o Brasil “não vai desistir de negociar” e que o país é “bom em cultivar amizades”. No entanto, diplomatas nos bastidores afirmam que as conversas não avançam e que Trump não teria autorizado seus assessores a negociar efetivamente.
Diplomatas brasileiros, sob condição de anonimato, descrevem a postura americana como “truculenta”, sugerindo que a imposição de tarifas seria seletiva. A tese é que a medida busca penalizar países com líderes que “não se curvam” ao presidente americano, enquanto beneficia nações com chefes de Estado alinhados a Trump.
Entenda a investigação
A medida americana foi baseada na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, que permite a investigação de práticas estrangeiras consideradas desleais. O julgamento ocorrerá nos EUA.
Entre os alvos da investigação estão o sistema de pagamentos Pix, algumas tarifas, a aplicação de medidas anticorrupção, a proteção da propriedade intelectual e a comercialização do etanol brasileiro. Os EUA alegam que essas práticas prejudicam empresas, trabalhadores e agricultores americanos.
Caso o Brasil seja considerado culpado, o país poderá enfrentar sanções adicionais, como novas tarifas ou a suspensão de benefícios comerciais.
