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Brasil apresenta queixa na OMC contra tarifas de Trump e avisa sobre riscos de conflito comercial

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O Brasil condenou veementemente as tarifas “arbitrárias” e “implementadas de forma caótica” na Organização Mundial do Comércio (OMC) na quarta-feira, uma crítica clara, embora indireta, aos Estados Unidos e à iminente ameaça comercial do presidente Donald Trump.

O embaixador Philip Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, fez a repreensão. Seus comentários foram feitos apenas nove dias antes da implementação, prevista para 1º de agosto, das tarifas de 50% anunciadas por Trump sobre produtos brasileiros que entram no mercado americano.

Apesar das duras críticas, o governo brasileiro afirma que não abandonará a mesa de negociações. A intervenção na OMC foi uma medida fundamental anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para combater as tarifas propostas.

Brasil ameaça retaliação e preocupações com soberania

O presidente Lula também indicou que o Brasil está considerando invocar a Lei de Reciprocidade Econômica para impor tarifas semelhantes caso as negociações com os EUA se mostrem ineficazes. O governo brasileiro vê as medidas americanas como uma tentativa de minar sua soberania nacional.

Em seu discurso na OMC, o Embaixador Gough enfatizou que tais ações unilaterais estão “interrompendo as cadeias de valor globais e correm o risco de empurrar a economia mundial para uma espiral de preços altos e estagnação”. Ele acrescentou que essas sanções “representam uma violação flagrante dos princípios fundamentais que sustentam a OMC e são essenciais para o funcionamento do comércio internacional”.

Tarifas como ferramenta de interferência

Gough criticou ainda a “mudança extremamente perigosa em direção ao uso de tarifas como uma ferramenta em tentativas de interferir nos assuntos internos de outros países”, além da violação geral das regras do comércio internacional.

Ele afirmou que o Brasil “continuará priorizando soluções negociadas e apostando em boas relações diplomáticas e comerciais”. No entanto, alertou: “Caso as negociações fracassem, recorreremos a todos os meios legais disponíveis para defender nossa economia e nosso povo – e isso inclui o sistema de solução de controvérsias da OMC”.

O Itamaraty acredita que “jogos de poder” nas negociações são atalhos perigosos para a instabilidade e potenciais conflitos. “Diante da ameaça de fragmentação, a defesa consistente do multilateralismo é o caminho a seguir. Ainda temos tempo para salvar o Sistema Multilateral de Comércio. O Brasil continua pronto para discutir e cooperar nesse objetivo”, concluiu Gough.

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