Aliados de Bolsonaro veem Barroso pressionado e atribuem aposentadoria ao “Efeito Eduardo” nos EUA.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, anunciou na tarde desta terça-feira, 9, que deixará sua cadeira na Corte oito anos antes do previsto, levantando uma série de especulações e reações.
Aos 67 anos, Barroso (escolhido por Dilma Rousseff em 2013) só precisaria se aposentar compulsoriamente em 2033. Ao justificar sua decisão, ele admitiu ter considerado o impacto da exposição pública na vida de seus familiares.
“Os sacrifícios e ônus da função acabam de transferindo aos familiares e pessoas queridas, que nem sequer têm qualquer responsabilidade pela nossa atuação”, declarou. Barroso insistiu que a decisão foi “longamente” amadurecida nos últimos dois anos e “nada tem a ver com qualquer fato da conjuntura atual”.
A conexão com as sanções dos EUA e Eduardo Bolsonaro
Apesar da negativa de Barroso, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro leram a aposentadoria antecipada como um efeito colateral das sanções americanas e da pressão exercida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.
A especulação ganhou força após a suspensão de vistos americanos para membros do STF. O filho de Barroso, Bernardo Van Brussel Barroso, diretor do banco BTG Pactual em Miami, está trabalhando no Brasil desde o ocorrido.
Desde que se mudou para os EUA em março, Eduardo Bolsonaro tem articulado intensamente para convencer a Casa Branca a aplicar sanções contra seus desafetos no Brasil, incluindo integrantes da Suprema Corte.
Reações dos Aliados de Bolsonaro
Nas redes sociais, diversos apoiadores e parlamentares bolsonaristas celebraram e associaram diretamente a saída de Barroso ao cerco diplomático e às sanções americanas, como a Lei Magnitsky.
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) anunciou: “Com medo da Magnitsky, Barroso anuncia aposentadoria do STF”.
A comunicadora Paula Marisa publicou que “esse negócio de ficar sem ter relações com os EUA […] mexeu com o psicológico do Magnânimo”, enquanto o deputado estadual Carmelo Neto (PL-CE) afirmou que Barroso “arregou, não aguentou a pressão”.
Em tom irônico, a comunicadora Bárbara Destefani (TeAtualizei) sugeriu que o ministro estaria implorando a Donald Trump para não ser sancionado: “Trump, eu não sou mais ministro, não me sanciona, tenho milhões no seu país. Arreguei”.
A vereadora bolsonarista de São Paulo, Sonaira Fernandes (PL), questionou: “Moraes perde seu maior aliado. Será que o fantasma da Magnitsky anda assombrando o Supremo?”.
A decisão de Barroso de deixar o STF em 2025, em vez de 2033, abre uma nova vaga na Suprema Corte e intensifica o debate sobre a influência da política externa e da pressão de grupos políticos nas altas esferas do judiciário brasileiro.
