Abin vê interferência externa e crime organizado ameaçando as eleições de 2026

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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgou o documento “Desafios da Inteligência — Edição 2026” nesta terça-feira (2), apontando a interferência externa e a atuação do crime organizado como riscos críticos para o processo eleitoral brasileiro de 2026. O relatório visa antecipar ameaças à segurança do Estado e da sociedade.

A Abin avalia que as eleições gerais (para Presidente, governadores, senadores e deputados) de 2026 enfrentam ameaças “complexas e multifacetadas”. O principal vetor desses riscos é a tentativa de deslegitimar as instituições democráticas, citando a invasão às sedes dos Três Poderes em 2023 como exemplo de manipulação de massas e desinformação.

  • Crime organizado: A crescente influência de grupos criminosos em territórios sob sua tutela desafia a integridade do pleito.
  • Interferência externa: Existe o risco de atuação estrangeira visando desestabilizar o processo eleitoral e favorecer interesses geopolíticos de outros países.

Era digital e soberania tecnológica em risco

A segurança no processo eleitoral e os ataques cibernéticos autônomos com Inteligência Artificial (IA) estão entre os cinco desafios diretos listados pela Abin para a segurança do país. A agência destaca a urgência em garantir a soberania digital do Brasil.

A rápida evolução da IA pode transformá-la em um “agente ofensivo autônomo” capaz de planejar e executar ataques, podendo, em cenários extremos, elevar o risco de incidentes cibernéticos resultarem em conflitos militares. A dependência estrutural de hardwares estrangeiros e a concentração de poder em big techs criam uma vulnerabilidade estratégica severa. A agência alerta que essas empresas podem atuar como “vetores de influência de seus Estados-sede”, ameaçando a autonomia decisória nacional.n Em um prazo de 5 a 15 anos, a computação quântica tornará a criptografia atual obsoleta. A Abin considera urgente a transição para algoritmos pós-quânticos que não dependam de tecnologias estrangeiras, um pilar da soberania digital.

Contexto geopolítico: multipolaridade e pressão externa

O diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, destacou que o cenário mundial é de “multipolaridade desequilibrada e desinstitucionalizada”, com a competição estratégica entre EUA e China como fator central. A agência enxerga o domínio digital como a “arena central” da competição geopolítica.

  • Escalada regional: O relatório chama atenção para o emprego de instrumentos econômicos como pressão política e a escalada de ameaças militares a países latino-americanos, incluindo nações fronteiriças com o Brasil.
  • Guerra cognitiva: A dependência tecnológica pode levar à interferência externa por meio da chamada guerra cognitiva, catalisada pela desinformação algorítmica e pelo risco de espionagem.

O relatório, desenvolvido com apoio de especialistas de universidades e agências governamentais, visa fornecer subsídios transparentes para a Presidência da República na formulação de políticas e na salvaguarda de conhecimentos sensíveis.

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