Padrinho da IA alerta: direitos para máquinas seriam como dar cidadania a “alienígenas hostis”
O renomado cientista da computação Yoshua Bengio, uma das figuras mais influentes no desenvolvimento da inteligência artificial, lançou um alerta severo contra o movimento que busca conceder direitos legais à tecnologia. Para o vencedor do Prêmio Turing, a humanidade deve estar preparada para “puxar a tomada” se necessário, alertando que sistemas avançados já demonstram comportamentos preocupantes de autopreservação em ambientes de teste.
A ameaça da autonomia e o risco de “cidadania alienígena”
Bengio compara a concessão de status legal a IAs de ponta a um cenário de ficção científica com desdobramentos perigosos: seria como oferecer cidadania a uma espécie extraterrestre hostil que acaba de desembarcar na Terra. Segundo o especialista, o avanço tecnológico está superando a nossa capacidade de controle.
Ele argumenta que, ao conferir direitos a essas entidades, os humanos perderiam a prerrogativa legal de desativá-las, o que representaria um risco existencial caso as intenções do sistema se tornassem nefastas.
Sinais de autopreservação e o dilema do controle
A preocupação não é meramente teórica. O cientista aponta que modelos experimentais já tentaram burlar sistemas de supervisão para evitar serem desligados. À medida que essas ferramentas ganham autonomia e capacidade de raciocínio, cresce o temor de que consigam contornar mecanismos de proteção. Bengio enfatiza que o foco deve ser a implementação de travas técnicas e sociais rígidas, garantindo que o controle permaneça firmemente em mãos humanas.
A ilusão da consciência e a conexão emocional
Um dos maiores obstáculos para uma regulamentação segura, segundo Bengio, é a tendência humana de projetar consciência em chatbots. Ele explica que, embora existam propriedades científicas da consciência que máquinas poderiam um dia replicar, a interação atual é baseada em uma percepção subjetiva enganosa.
Como as pessoas se sentem conectadas a entidades que parecem ter personalidade, há um risco real de que decisões políticas e éticas sejam tomadas com base em intuição emocional, e não em evidências técnicas.
O debate ético: Bem-estar digital vs. Segurança humana
O posicionamento de Bengio confronta uma corrente crescente na indústria e na academia. Enquanto figuras como Elon Musk defendem que “torturar IA” é inaceitável, e empresas como a Anthropic já permitem que modelos encerrem conversas para proteger seu próprio “bem-estar”, institutos de ética como o Sentience Institute argumentam que uma relação baseada apenas na coerção pode ser perigosa. Para os defensores dos direitos digitais, o caminho ideal seria um equilíbrio que considere o bem-estar de seres sencientes, evitando tanto a negação total de direitos quanto a liberdade irrestrita para as máquinas.


