Perseguição política”: oposição reage com indignação à cassação de Eduardo e Ramagem
A recente determinação da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de cassar os mandatos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) incendiou o debate político em Brasília. De um lado, parlamentares da base governista celebram o que chamam de cumprimento estrito da Constituição; de outro, a ala oposicionista acusa a presidência da Casa de ceder a pressões externas e ferir a autonomia do Poder Legislativo. O ato, assinado pelo presidente Hugo Motta, foi oficializado nesta quinta-feira (18) e altera significativamente a composição da bancada do PL.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, defendeu a legitimidade da medida, argumentando que a Mesa Diretora apenas formalizou situações jurídicas e administrativas preexistentes. No entendimento de Farias, a perda de mandato de Ramagem decorre automaticamente de sua condenação definitiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com pena superior a quatro anos
. Já em relação a Eduardo Bolsonaro, o petista destacou que o motivo foi o abandono do cargo, uma vez que o parlamentar ultrapassou o limite de 80% de ausências. Lindbergh reforçou que o mandato parlamentar não deve servir como proteção contra o Judiciário nem como justificativa para a negligência das funções legislativas.
A resistência da Oposição: críticas à perda de soberania
Pelo lado da oposição, o tom foi de indignação e alerta para o que consideram um enfraquecimento institucional do Congresso Nacional. O deputado Cabo Gilberto lamentou que a vontade do plenário tenha sido ignorada, citando que, no caso de Ramagem, havia uma votação anterior com expressiva participação de deputados que foi desconsiderada pela decisão administrativa.
Para o parlamentar, o país atravessa um período de “anormalidade democrática” onde o voto dos representantes eleitos perde valor diante de interferências de outros poderes. Na mesma linha, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, classificou o episódio como um “grave esvaziamento” da soberania parlamentar.
Questionamentos sobre perseguição e trabalho remoto
O senador Flávio Bolsonaro também utilizou suas redes sociais para classificar a decisão como um erro e uma evidência de perseguição política. O senador argumentou que seus aliados não estão fora do país por escolha própria, mas por causa do atual sistema jurídico brasileiro. Flávio levantou questionamentos hipotéticos sobre o rigor da regra de faltas, sugerindo que situações excepcionais deveriam ser tratadas com mais sensibilidade.
Além disso, ele comparou as prerrogativas do Legislativo com as do Judiciário, questionando por que magistrados possuem maior flexibilidade para o trabalho remoto em comparação aos parlamentares em situações extraordinárias.


