Dinamarca acusa Rússia de ataques cibernéticos “destrutivos” contra infraestrutura crítica

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O governo da Dinamarca elevou o tom contra o Kremlin ao acusar formalmente a Rússia de orquestrar ciberataques contra a infraestrutura crítica e o processo democrático do país. De acordo com o Serviço Dinamarquês de Inteligência de Defesa (DDIS), as ações são evidências concretas de uma “guerra híbrida” em curso, destinada a desestabilizar nações que apoiam a Ucrânia.

Um dos incidentes mais graves detalhados pela inteligência dinamarquesa ocorreu em dezembro de 2024, na cidade de Køge. Na ocasião, hackers assumiram o controle de uma estação de tratamento de água, manipulando a pressão das bombas de abastecimento. A interferência resultou no rompimento de três tubulações principais. O ataque foi atribuído ao grupo pró-Rússia Z-Pentest, descrito pelo DDIS como um instrumento direto do Estado russo para causar danos físicos e insegurança social.

Além da sabotagem física, a Dinamarca relatou uma onda de ataques de negação de serviço (DDoS) que atingiu diversos sites governamentais e institucionais. Essas ações ocorreram estrategicamente no período que antecedeu as eleições municipais e regionais de novembro. O grupo NoName057(16), que possui vínculos comprovados com Moscou, foi identificado como o autor da ofensiva. Segundo o relatório da inteligência, o objetivo era utilizar as eleições como vitrine para atrair a atenção pública e semear desconfiança, um padrão já observado em outros pleitos na Europa.

A estratégia da guerra híbrida

Para as autoridades dinamarquesas, essas operações não são incidentes isolados, mas parte de uma campanha de influência russa mais ampla. O diretor do DDIS, Thomas Ahrenkiel, reforçou a certeza sobre a conexão entre os grupos de hackers e o Kremlin. A meta central seria punir o apoio ocidental a Kiev e minar a coesão da União Europeia e da OTAN. “Estamos vivendo a guerra híbrida de que tanto falamos”, afirmou o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, que classificou as incursões como “completamente inaceitáveis”.

Vulnerabilidades e resposta diplomática

Apesar de os danos imediatos terem sido contidos, o episódio acendeu um alerta sobre a vulnerabilidade digital do país. O ministro da Resiliência e Preparação, Torsten Schack Pedersen, admitiu que a Dinamarca ainda não possui as defesas necessárias para enfrentar o atual nível de agressão russa, classificando como “ingênua” a ideia de que o país está no topo da cibersegurança.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca anunciou a convocação do embaixador russo para prestar esclarecimentos. O governo também mencionou que a recente aparição de drones em áreas militares e aeroportos, ocorrida em setembro, reforça a necessidade de acelerar a criação de uma “barreira antidrones” europeia para proteger as fronteiras e infraestruturas vitais contra novas táticas de guerra não convencional.

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