Joesley Batista foi a Caracas tentar convencer Maduro a renunciar
O coproprietário da JBS, Joesley Batista, viajou a Caracas, na Venezuela, em uma tentativa de convencer o presidente Nicolás Maduro a renunciar. A informação foi divulgada pela agência de notícias Bloomberg nesta quarta-feira (3).
O encontro entre o empresário brasileiro e o líder venezuelano teria ocorrido no domingo, 23 de novembro, de acordo com a Bloomberg. A viagem de Batista aconteceu logo após uma conversa entre Maduro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Embora a visita tenha sido uma “iniciativa própria” do bilionário, funcionários do governo Trump tinham conhecimento da ida de Batista a Caracas, entendendo que o empresário buscava “reforçar a mensagem do presidente americano” a Maduro. A renúncia do presidente venezuelano é um objetivo declarado da administração Trump, que, segundo a Reuters, chegou a dar um ultimato para que ele deixasse o cargo até a sexta-feira, 28 de novembro, mas sem sucesso.
Questionada pela agência, a J&F SA, holding da família Batista, limitou-se a declarar que “Joesley não é representante de nenhum governo” e não ofereceu mais comentários. A Casa Branca, por sua vez, não respondeu ao pedido de posicionamento da Bloomberg.
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Tensão elevada e pressão americana
A inesperada viagem de Batista se insere em um contexto de alta tensão diplomática e militar entre os Estados Unidos e a Venezuela. Desde agosto, os EUA têm mobilizado um significativo aparato militar na região do Caribe, próximo à costa venezuelana.
Oficialmente, a Casa Branca alega conduzir uma operação contra o narcotráfico internacional, indicando que mais de 20 embarcações que supostamente transportavam drogas foram bombardeadas, resultando em mais de 80 mortes, segundo o governo americano. Contudo, autoridades americanas anônimas admitiram que o objetivo final da operação seria retirar Maduro do poder.
Os EUA não reconhecem Nicolás Maduro, no poder desde 2013, como presidente legítimo, considerando que a eleição do ano passado foi fraudulenta — uma avaliação compartilhada por governos ocidentais e observadores independentes que afirmam que a oposição venceu o pleito.
Os próximos passos de Maduro
Em meio a essa pressão, Maduro declarou “lealdade absoluta” ao povo venezuelano em um discurso nesta segunda-feira (1º) e, segundo três fontes da Reuters, solicitou uma nova ligação com o presidente Trump.
Apesar de o cenário político venezuelano permanecer incerto, um alto funcionário americano informou que Trump se reuniu com conselheiros para discutir o aumento da pressão sobre o país. Uma fonte do governo dos EUA não descartou a possibilidade de um acordo para a saída de Maduro, mas ressaltou a existência de divergências internas sobre a questão.
Como sinal do endurecimento da postura americana, os EUA aumentaram para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro. Outros altos funcionários, como Diosdado Cabello, também são alvo de recompensas de US$ 25 milhões por acusações de tráfico de drogas, as quais todos negam veementemente.


