OTAN considera ataque preventivo contra a Rússia em resposta à onda de sabotagem na Europa
O Almirante Giuseppe Cavo Dragone, presidente do Comitê Militar da OTAN, alertou que a aliança pode ser forçada a disparar o primeiro tiro contra a Rússia. Essa mudança potencial na política atual da OTAN (de ser reativa para agir preventivamente) é uma resposta à intensificação da guerra secreta de Moscou contra a Europa.
A Rússia, sob o comando de Vladimir Putin, tem realizado uma campanha de sabotagem e violação do espaço aéreo europeu há anos, e essa operação secreta está em clara escalada. Incidentes recentes, atribuídos ao regime russo, incluem explosões e incêndios (como em um armazém ucraniano em Londres), o rompimento de cabos submarinos no Mar Báltico e uma série de ataques cibernéticos em todo o continente.
O Almirante Dragone confirmou ao Financial Times que a OTAN está reavaliando sua postura militar tradicionalmente reativa devido ao aumento das interferências. Ele indicou que a aliança está considerando ser “mais agressiva ou proativa em vez de reativa”, especialmente em relação à segurança cibernética, onde a retaliação cibernética é vista como a opção mais simples, devido à capacidade dos países membros.
A retaliação por sabotagem física ou incursões de drones seria mais complexa, mas ainda é uma possibilidade. Dragone afirmou que um “ataque preventivo” pode, sob certas circunstâncias, ser classificado como defensivo, mas que está “mais distante de nossa maneira normal de pensar e agir”.
🗣️Pressão dos estados-membros e resposta de Moscou
Vários estados-membros, particularmente os do Leste Europeu (que sentem o impacto mais forte da Rússia), pressionaram a OTAN a abandonar sua postura reativa. Um diplomata báltico argumentou que a passividade apenas incentiva a Rússia a “continuar tentando, a continuar nos prejudicando” na guerra híbrida, que é assimétrica e de baixo custo para Moscou. Em resposta à possibilidade de uma OTAN mais proativa, o embaixador russo na Bélgica, Denis Gonchar, acusou a aliança de “intimidar sua população com planos inexistentes de ataque por parte do Kremlin” e alegou que os estados membros estavam se preparando para uma “grande guerra com a Rússia”.
Avanço nas negociações de paz
Em paralelo, negociações de alto nível para um acordo de paz continuam na Flórida entre diplomatas dos EUA e da Ucrânia. O diplomata Marco Rubio descreveu as negociações de domingo como produtivas e disse estar otimista em relação a mais progressos, enfatizando que o objetivo é “garantir o futuro da Ucrânia”. O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, parte para Moscou esta semana para se encontrar com homólogos russos, dando um novo impulso ao processo de paz.
As negociações surgiram após a elaboração de um plano de paz pelos EUA e Rússia, criticado por favorecer os objetivos de Putin, e uma contraproposta europeia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que enfrenta pressão significativa de Washington para aceitar um acordo, esperava que os resultados das reuniões de Genebra fossem “definidos” na Flórida. A reunião de domingo ocorreu sem o influente chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, que renunciou recentemente após uma polêmica de corrupção.


