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Paz à vista? EUA anunciam “tremendo progresso” em negociações, mas impasses territoriais persistem

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A Casa Branca reportou na terça-feira um “tremendo progresso” nas negociações de paz envolvendo Rússia e Ucrânia, apesar de as discussões em andamento em Abu Dhabi, com a participação de autoridades americanas, russas e ucranianas, indicarem poucos avanços nos principais pontos de discórdia que impediram um acordo até o momento.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, expressou otimismo, embora tenha reconhecido no X a existência de “detalhes delicados, mas não insuperáveis” que exigem mais conversas. O ex-presidente Donald Trump reforçou a expectativa de um acordo iminente, declarando: “Vamos chegar lá”.

Apesar do tom positivo, não há confirmação de consenso em questões cruciais, como concessões territoriais e futuras garantias de segurança, nem indicações de que um acordo revisado discutido em Genebra no domingo fosse aceitável para a Rússia.

Enquanto as conversas prosseguiam, Moscou intensificou seus ataques noturnos contra cidades ucranianas, disparando 22 mísseis e 464 drones, principalmente contra a região de Kiev, resultando em sete mortes na capital, segundo o prefeito Vitali Klitschko.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, manifestou-se disposto a encontrar-se com Donald Trump o mais breve possível para finalizar os detalhes do acordo. Autoridades ucranianas, incluindo Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança, afirmaram ter chegado a um “entendimento comum sobre os termos essenciais” da estrutura do acordo de Genebra e esperam uma visita presidencial aos EUA em novembro para a conclusão final.

Posição russa e preocupação europeia

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, insistiu que qualquer novo plano de paz deve refletir o “espírito e a letra” do que foi discutido entre Trump e Putin na cúpula do Alasca em agosto.

Líderes europeus têm enfrentado dificuldades para manter o engajamento, com os EUA assumindo a liderança nas negociações. O presidente da Finlândia, Alexander Stubb, considerou os próximos dias decisivos. No entanto, o presidente francês, Emmanuel Macron, alertou contra um acordo que representaria uma “capitulação” para a Ucrânia, criticando o plano por potencialmente refletir apenas o que é aceitável para os russos.

Zelenskyy destacou que qualquer conversa com Trump deve incluir os aliados europeus e enfatizou que a pressão sobre a Rússia deve continuar para produzir resultados.

🗺️ O controverso plano americano de 28 pontos

O plano inicial americano de 28 pontos, elaborado a partir de discussões entre enviados de Trump e o Kremlin, propunha que a Ucrânia cedesse territórios ocupados e outras áreas, estabelecesse limites para o tamanho de suas forças armadas e concedesse anistia geral por crimes de guerra.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, confirmou que a questão das concessões territoriais não foi abordada no acordo-quadro discutido em Genebra.

Pressão e reação ao ultimato

O Secretário do Exército dos EUA, Dan Driscoll, assumiu um papel central nas negociações. Ele viajou a Kiev para apresentar o plano de 28 pontos a Zelenskyy, exigindo que o assinasse em poucos dias. Essa pressão, juntamente com o vazamento do conteúdo, chocou autoridades ucranianas e europeias. Embaixadores da OTAN em Kiev reagiram negativamente à apresentação de Driscoll, descrita como uma “reunião de pesadelo”.

Washington posteriormente recuou nos ultimatos, afirmando que o plano de 28 pontos era apenas um ponto de partida para a discussão. Apesar do otimismo de Driscoll, o Kremlin demonstrou pouco interesse em abrir mão de seus objetivos maximalistas. Zelenskyy, por sua vez, saudou o progresso, mas reforçou que os pontos mais delicados seriam discutidos diretamente com Trump.

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