Fenômeno estranho do Sol é detectado pela primeira vez no campo magnético da Terra
Cientistas da Universidade de New Hampshire detectaram pela primeira vez no campo magnético da Terra um fenômeno que se pensava ocorrer apenas nas proximidades do Sol. Essa descoberta de estruturas magnéticas incomuns poderá ser crucial para aprimorar a precisão com que os pesquisadores preveem o impacto das tempestades geomagnéticas em nosso planeta.
O que foi encontrado?
Os físicos Emily McDougall e Matthew Argall identificaram estruturas inesperadas no plasma aprisionado pelo campo magnético terrestre. O plasma demonstrava um giro lento, seguido por um retorno abrupto à sua orientação inicial. Esse movimento cria dobras em formato de ziguezague, conhecidas como reversões magnéticas.
Embora jamais tivessem sido observadas na magnetosfera da Terra, essas estruturas são notavelmente semelhantes às vistas no plasma constantemente emitido pelo Sol.
A conexão solar
Análises detalhadas revelaram que a origem do plasma aprisionado na magnetosfera da Terra não era exclusivamente terrestre: uma parcela significativa vinha do Sol, misturando-se com as partículas carregadas locais.
Essa interação é a chave: o choque entre os plasmas de origens diferentes provoca a ruptura e a reconexão do campo magnético, gerando os característicos ziguezagues.

Zank et al.,
ApJ , 2020 )
Entendendo as reversões magnéticas
Há décadas, sondas espaciais que estudam o Sol já registravam indícios dessas linhas de campo magnético invertidas. Elas parecem surgir da interação entre dois tipos distintos de linhas de campo magnético solar:
- Linhas de Campo Abertas: Apontam diretamente para o espaço, carregando o plasma do vento solar.
- Linhas de Campo Fechadas: Curvam-se de volta para o Sol após viajar por uma distância relativamente curta.
Quando linhas abertas se formam perto de campos magnéticos fechados, elas podem romper-se e reconectar-se. Essa interação libera explosões de energia que “torcem” as linhas de campo, resultando na inversão de fase — o formato em “S” que se manifesta nas reversões magnéticas.
A descoberta terrestre da NASA
McDougall e Argall encontraram essa estrutura análoga na Terra ao examinar dados da missão Magnetospheric Multiscale (MMS) da NASA. Nesse cenário terrestre, as linhas de campo que fluem do Sol interagem com as linhas de campo fechadas que envolvem a Terra.
“Essa descoberta fornece novas pistas sobre como perturbações semelhantes podem se formar na fronteira entre diferentes regiões de plasma, o que permite o estudo futuro de eventos relacionados nas camadas externas do Sol sem a necessidade de enviar espaçonaves diretamente para essas condições extremas,” afirmaram os pesquisadores.


