Governistas aplaudem Messias, enquanto oposição critica a nova escolha de Lula para o STF
A escolha de Jorge Messias, atual ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), para uma vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), anunciada nesta quinta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acendeu uma intensa disputa de narrativas nas plataformas digitais, dividindo opiniões entre aliados do governo e membros da oposição.
Enquanto a base governista e uma parcela da bancada evangélica acolheram positivamente a indicação de Messias — que é membro de uma igreja batista —, parlamentares bolsonaristas reagiram com críticas, acusando o presidente de “lotar o STF de amigos” e demandando que o Senado Federal rejeite o nome.
Entre as vozes mais críticas está a do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que chegou a classificar Messias como “prevaricador”. A oposição tem tentado vincular o ministro da AGU ao escândalo de descontos indevidos no INSS, objeto de uma CPI no Congresso, sob a alegação de que a pasta de Messias teria negligenciado alertas sobre entidades envolvidas na fraude. Sóstenes também levantou a questão da longevidade do mandato, destacando que Messias, com 45 anos, poderá permanecer na Corte por 30 anos, caso seja aprovado, o que, segundo o deputado, asseguraria “mais 30 anos de um esquerdista petista” no STF.
Contrariando a postura de Sóstenes, outras lideranças da bancada evangélica manifestaram apoio. O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), representante da Assembleia de Deus de Madureira, parabenizou Lula, reconhecendo sua “postura de diálogo e consideração com todos os segmentos da sociedade”. .
O ramo de Madureira da Assembleia de Deus vinha manifestando apoio ao nome de Messias desde a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. Cezinha e o bispo Samuel Ferreira, inclusive, participaram de um encontro com Lula e Messias em outubro. O parlamentar evangélico desejou sabedoria e proteção a Messias, escrevendo que “toda autoridade procede de Deus e deve ser exercida com responsabilidade e respeito”.
A indicação também foi saudada pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), que elogiou a escolha de Lula por demonstrar “responsabilidade institucional, critério técnico e compromisso com a estabilidade democrática”. O prefeito do Recife, João Campos (PSB), enalteceu o fato de Messias ser pernambucano, avaliando que o indicado possui “rara sensibilidade com as pautas e as demandas do nosso povo”.
Fontes do governo indicam que dois fatores cruciais para a escolha de Messias foram sua confiança junto a Lula e o fato de ser evangélico, o que serviria como um sinal de maior aproximação do governo com esse segmento. Atualmente, o único ministro evangélico na Corte é André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro.
Em contrapartida, o deputado federal Mario Frias (PL-SP), da oposição, criticou as escolhas feitas por Lula neste mandato — citando os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino, além de Messias —, acusando o presidente de proferir uma “mentira óbvia” ao prometer não “lotar o STF de amigos”.
Para assumir a vaga no STF, Messias precisará ser aprovado pela maioria do Senado após ser submetido a uma sabatina. O senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) já indicou voto favorável, defendendo que a “qualificação técnica [de Messias] supera debates ideológicos” e destacando seus valores, como “a defesa da família e dos princípios cristãos”.


