Tensão no Caribe: Fuzileiros Navais dos EUA farão exercícios na fronteira da Venezuela
Tropas americanas do Comando Sul (SOUTHCOM) realizarão exercícios militares conjuntos com a Força de Defesa de Trinidad e Tobago (TTDF) entre 16 e 21 de novembro, conforme comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores de Trinidad. A colaboração faz parte dos acordos de cooperação militar de longa data entre os dois países, sendo descrita pelo governo de Porto de Espanha como uma prova da “forte aliança” e do “respeito mútuo” com Washington.
O objetivo principal das manobras é o intercâmbio militar, permitindo que os militares de ambos os países se familiarizem com o equipamento um do outro — incluindo helicópteros —, táticas e técnicas. O treinamento será intensivo, ocorrendo em diversos cenários do território de Trinidad e Tobago, abrangendo ambientes urbanos e rurais, com operações programadas para o entardecer e a noite.
Para justificar o destacamento das tropas estrangeiras, as autoridades caribenhas citaram razões de política interna, focando no combate a grupos do crime organizado. O comunicado afirma que Trinidad e Tobago é “flagelada pelos crimes com armas de fogo e pela violência de gangues”, e que os exercícios intensificados são uma peça central da estratégia governamental para garantir que o pessoal de defesa local esteja “otimamente treinado e equipado” para enfrentar o problema.
Além disso, o governo argumenta que esta ação cumpre um “compromisso fundamental” incluído em seu programa eleitoral, visando “restabelecer a ordem” na nação.
Alarme internacional: a sombra da “Operação Lança do Sul”
O exercício ocorre sob a sombra da recente Operação Lança do Sul (Operation Southern Spear), anunciada na véspera pelo Secretário de Guerra dos EUA, Peter Hegseth. O objetivo declarado da operação é “eliminar narcoterroristas” no Hemisfério Ocidental e “proteger” o território americano. No entanto, o alto funcionário evitou fornecer detalhes cruciais sobre o escopo exato, a área de atuação, o número de tropas ou a duração da operação.
A falta de informações detalhadas por parte do Pentágono gerou alarme imediato na comunidade internacional. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, expressou a expectativa russa de que “nenhuma medida fosse tomada que pudesse levar à desestabilização da situação no Caribe e ao redor da Venezuela”. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, reforçou a oposição de Moscou ao uso da força pelos EUA contra a nação bolivariana.
Cuba também se manifestou, com o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, denunciando que Washington está recorrendo a “falácias” e “falsos pretextos” para justificar um “destacamento militar desproporcional e extraordinário”, na ausência de provas credíveis.


