EUA testam míssil intercontinental Minuteman III e aquecem a tensão global após ordem de Trump para testes nucleares
O Comando de Ataque Global da Força Aérea dos EUA (AFGSC) conduziu um teste de lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM) Minuteman III desarmado na última quarta-feira, a partir da Base Espacial de Vandenberg, na Califórnia. O exercício, designado GT 254, acontece em um momento geopolítico sensível e é o primeiro teste balístico dos EUA desde a recente ordem do presidente Donald Trump para a retomada imediata de testes nucleares.
De acordo com a base, o objetivo primário do teste GT 254 era crucial: “avaliar a confiabilidade contínua, a prontidão operacional e a precisão do sistema ICBM”, um ativo considerado a espinha dorsal da defesa nacional americana.
O lançamento não foi realizado a partir de um silo em terra, mas sim iniciado por uma equipe de aviadores que utilizou o Sistema de Controle de Lançamento Aéreo (ALCS). Eles estavam a bordo de uma aeronave E-6B Mercury da Marinha dos EUA.
Teste de Comando e Controle: O uso do ALCS serviu como um teste específico para verificar a sua eficácia e disponibilidade contínua, dada a sua função vital como “sistema de comando e controle de reserva para a força de mísseis balísticos intercontinentais”.
Rotina de Manutenção: O Comando do AFGSC reforçou que o lançamento está inserido em uma “série de atividades rotineiras e periódicas essenciais” concebidas para “avaliar e validar as capacidades” do Minuteman III, garantindo a sua integridade operacional a longo prazo.
O veículo de reentrada desarmado demonstrou a capacidade de alcance do sistema, percorrendo aproximadamente 6.760 quilômetros até o seu alvo predeterminado, o Campo de Testes de Defesa Antimíssil Ronald Reagan, no Atol de Kwajalein, nas Ilhas Marshall.
Este teste de ICBM ocorre pouco mais de um mês após a Marinha dos EUA ter realizado um lançamento semelhante de quatro mísseis balísticos Trident II D5 Life Extension desarmados, disparados por um submarino no Oceano Atlântico, ao largo da costa da Flórida.
O contexto da “resposta simétrica”
O lançamento do Minuteman III ganha destaque devido ao cenário de aumento das tensões estratégicas. Ele é o primeiro teste balístico realizado pelos EUA desde que o presidente Donald Trump ordenou, na última quinta-feira, o início imediato de testes nucleares, uma medida que encerrou uma moratória de décadas.
A ordem de Trump foi uma reação direta aos recentes testes relatados pela Rússia com suas armas inovadoras de propulsão nuclear, incluindo o míssil Burevestnik e o torpedo autônomo Poseidon.
“Por causa dos programas de testes de outros países,” declarou o presidente na Casa Branca. “Sim, outros países estão fazendo isso. Se eles estão fazendo, nós também faremos,” ele disse a repórteres, justificando a decisão em termos de paridade estratégica.
Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, tentou minimizar a escalada, afirmando que a Rússia “não está ameaçando ninguém”, mas sim “desenvolvendo seu potencial nuclear conforme anunciado”, em linha com as demais potências nucleares. Putin assegurou que os planos para criar novos sistemas de armas e modernizar as Forças Armadas russas já eram de conhecimento público.
No entanto, o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, emitiu um alerta claro. Ele reiterou que, embora Moscou mantenha a sua moratória unilateral e voluntária sobre testes nucleares, a posição da Rússia é de que, se qualquer país quebrar esse pacto, Moscou “agirá de acordo e responderá simetricamente”, indicando uma prontidão para corresponder à escalada.


