Irã reativa produção de mísseis com ajuda da China
O Irã está trabalhando para reconstruir rapidamente sua capacidade de fabricação de mísseis balísticos com a assistência da China, apesar da recente reimposição de sanções das Nações Unidas, informou a CNN nesta quarta-feira (29), citando fontes de inteligência europeia.
A manobra iraniana ocorre em um momento de reposição de estoques, após o esgotamento de armas durante a Guerra dos Doze Dias em julho, quando o país lançou centenas de mísseis contra Israel.
Carregamento estratégico e a brecha nas sanções
No final de outubro, o Irã teria recebido da China carregamentos contendo mais de 2.000 toneladas de perclorato de sódio. Este produto é classificado como “material de dupla utilização” — podendo ter fins inocentes, mas é, crucialmente, um ingrediente fundamental para a produção de perclorato de amônio.
O perclorato de amônio é um oxidante vital utilizado como propelente de combustível sólido, essencial para construir mísseis balísticos iranianos.
A reimposição automática das sanções da ONU em setembro visa impedir operações iranianas ligadas à criação de armas com capacidade nuclear. Contudo, o perclorato de sódio não consta explicitamente na lista de materiais proibidos.
Segundo especialistas consultados pela CNN, essa omissão na lista de sanções pode estar sendo usada como uma justificativa para que fornecedores chineses que comercializam o produto químico neguem qualquer acusação de violação.
Jeffrey Lewis, diretor do Projeto de Não Proliferação da Ásia Oriental, avaliou que as 2.000 toneladas são suficientes para criar até 500 mísseis balísticos. Ele projeta que o Irã precisará de remessas muito maiores para substituir o arsenal destruído na guerra.
Reconstrução de fábricas e resposta chinesa
Imagens de satélite da Planet Labs PBC confirmam o esforço de rearmamento iraniano, mostrando que duas fábricas de propelente sólido que foram atacadas por Israel durante a Guerra dos Doze Dias estão em reconstrução. Entre as instalações em reforma estão prédios que abrigavam os misturadores — equipamento crucial para transformar o perclorato de sódio em combustível sólido.
A China, que já forneceu misturadores de alta potência ao Irã no passado, defendeu sua política. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês disse à CNN que não estava “familiarizado com a situação específica”, mas garantiu que o país “implementa consistentemente controles de exportação sobre itens de dupla utilização, em conformidade com suas obrigações internacionais”.
Aliança Contra Sanções: A China, juntamente com a Rússia, tentou bloquear a reinstalação das sanções da ONU contra o Irã em setembro. Os três países assinaram uma carta conjunta classificando as sanções como “jurídica e processualmente falhas”. Pequim reafirmou seu apoio a Teerã, declarando-se comprometida em resolver a questão nuclear pacificamente e ser contra sanções.


