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Lula pede fim de tarifas e Trump defende Bolsonaro em encontro na Malásia; veja vídeo

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e seu homólogo americano, Donald Trump, se encontraram hoje à margem da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em um esforço de reaproximação diplomática ofuscado pela recente imposição de tarifas de 50% por parte dos Estados Unidos sobre produtos do país sul-americano.

A reunião, antecedida por uma coletiva de imprensa de cerca de oito minutos, marcou o sinal mais forte de “degelo” nas relações desde que Washington impôs as pesadas tarifas em julho, as quais entraram em vigor em agosto e atingem itens-chave da economia brasileira, como café, carne bovina e manga.

Otimismo cauteloso e divergências sobre comércio

Em seu pronunciamento, o presidente Trump elogiou o Brasil, chamando-o de “um grande país, um país lindo,” e expressou confiança em um desfecho rápido das negociações. “Nós nos conhecemos, sabemos o que cada um quer e acho que chegaremos a uma conclusão,” afirmou.

Questionado sobre as barreiras comerciais, Trump manteve uma postura defensiva, declarando que “tudo é justo” em relação às tarifas, mas acenou com a possibilidade de um acordo: “Temos muito respeito pelo Brasil, então veremos, provavelmente chegaremos a algum acordo.”

Lula, por sua vez, demonstrou otimismo, afirmando ter a “sensação de que haveria boas notícias ao final do encontro” e enfatizando o desejo brasileiro de fortalecer os laços: “O Brasil tem todo o interesse em ter um relacionamento extraordinário com os EUA. Não há razão para qualquer tipo de conflito.”

O tema do comércio é central para Brasília. Lula já havia adiantado à imprensa que teria “uma extensa lista” de assuntos, com foco em provar que o aumento de 50% nas tarifas estava “errado” e era “infundado”. O presidente brasileiro argumenta que os EUA desfrutam de um superávit comercial de $410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos.

Bolsonaro e a questão da segurança

Outro ponto que pairou sobre o encontro foi o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão. Trump expressou publicamente sua admiração por Bolsonaro: “Sempre gostei dele e me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele.” Contudo, o líder americano se recusou a confirmar se o caso seria discutido com Lula, respondendo a jornalistas com um evasivo “Isso não é da sua conta.” A imposição das tarifas por Trump em julho foi inicialmente justificada, em parte, por críticas ao judiciário brasileiro devido à condenação de Bolsonaro.

Além das tensões comerciais, Lula propôs a discussão sobre segurança, adotando um tom firme, mas conciliador, sobre as polêmicas operações antidrogas dos EUA em águas do Caribe e do Pacífico e a ameaça de ataques “terrestres”. O presidente brasileiro, que já havia falado de Jacarta, criticou a falta de respeito à soberania: “Não se pode simplesmente dizer que se vai invadir… sem levar em conta a constituição dos outros países, a autodeterminação dos povos e a soberania territorial de cada país.”

Em um gesto de abertura, Lula defendeu a retomada do diálogo e da cooperação antidrogas, afirmando: “Se o presidente Trump quiser conversar comigo sobre esse assunto, terei o imenso prazer de discutir com ele.”

A reunião foi considerada um passo importante no “degelo” das relações, após um período de alta tensão comercial e política entre os dois países.

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