PL aumenta pressão no congresso para reduzir penas do 8 de janeiro e desgastar o governo Lula
O Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro está intensificando sua ofensiva no Congresso Nacional com dois objetivos centrais: destravar o projeto de lei que visa reduzir as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro e, simultaneamente, articular a oposição para infligir derrotas ao governo Lula em votações cruciais.
A estratégia foi definida em uma “longa e política” reunião nesta segunda-feira entre o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar.
Prioridade: projeto do 8 de Janeiro
Bolsonaro e Valdemar diagnosticaram que a paralisação do projeto de dosimetria no Senado é causada pela falta de empenho da cúpula do Congresso. O ex-presidente orientou o PL a adotar uma postura mais incisiva no Senado, pressionando o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), a retomar a discussão do texto. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), será poupado de ataques diretos.
O projeto, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), é visto como uma bandeira fundamental para mobilizar a base bolsonarista e forçar o Congresso a responder à pressão popular. O PL avalia até mesmo recorrer à obstrução de votações como tática de pressão política.
Ataque à agenda econômica e ambiental de Lula
Além da pauta do 8 de Janeiro, Bolsonaro cobrou que o PL endureça a oposição em temas essenciais para o governo, identificando duas oportunidades de “derrotas expressivas” para o Palácio do Planalto:
- Licenciamento Ambiental: Oposição à eventual derrubada dos vetos para vincular o governo a uma “agenda verde” que desagrada o agronegócio.
- Orçamento e Arrecadação: Atuação contra medidas do governo para recompor o rombo orçamentário (em substituição à MP do IOF rejeitada), visando restringir recursos do Planalto em ano eleitoral.
Cenário eleitoral e sabatina de Messias
A reunião também serviu para revisar a estratégia eleitoral de 2026. Valdemar apresentou levantamentos regionais, e Bolsonaro defendeu a prioridade de palanques ideológicos em estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Em contraponto, o PL deve buscar alianças mais pragmáticas com Republicanos e PP em estados como Bahia, Ceará e Pará.
Por fim, a dupla tratou da iminente indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. A avaliação é que o PL deve criar dificuldades na sabatina, explorando contradições passadas do Advogado-Geral da União, como o episódio de 2016, na Operação Lava Jato, em que a então presidente Dilma Rousseff mencionou o envio de um termo de posse para Lula via “Bessias”.


