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Macron sob pressão máxima: crise política exige renúncia ou eleições antecipadas na França

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O presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta uma pressão intensa e crescente, vinda até mesmo de antigos aliados, para convocar eleições parlamentares antecipadas ou renunciar, a fim de encerrar uma crise política que se agrava na França.

A frustração atingiu um novo patamar nesta terça-feira, quando Édouard Philippe, ex-primeiro-ministro de Macron (2017-2020) e líder de um partido aliado, pediu que o presidente anuncie uma eleição presidencial antecipada assim que o orçamento do próximo ano for aprovado.

“O tempo é essencial”, declarou Philippe. “Não vamos prolongar o que estamos vivenciando nos últimos seis meses. Mais 18 meses é tempo demais e está prejudicando a França. O jogo político que estamos jogando hoje é angustiante.”

Outro ex-aliado de destaque, Gabriel Attal, cujo breve mandato como primeiro-ministro terminou com a dissolução do parlamento no ano passado, também se distanciou das decisões do presidente. Attal, que agora lidera o principal partido pró-Macron, criticou a “determinação de Macron em manter o controle”, afirmando que, após queimar cinco primeiros-ministros em menos de dois anos, é “hora de tentar outra coisa”.

Crise agudaa após renúncia de Primeiro-Ministro

Os apelos se intensificaram após a renúncia do primeiro-ministro interino, Sébastien Lecornu, que havia sido nomeado há apenas 28 dias e quebrou o recorde de mandato mais curto da história moderna da França. Macron, no entanto, pediu a Lecornu que realizasse conversas de última hora com líderes partidários para tentar angariar apoio e “definir uma plataforma de ação e estabilidade” até a noite de quarta-feira.

Em um sinal da dificuldade da missão, a União Nacional (RN), partido de extrema-direita e o maior bloco no parlamento, recusou-se a participar das negociações, argumentando que elas visam proteger os interesses do presidente, e não os do povo francês. O líder do RN, Jordan Bardella, juntou-se ao coro de críticas, pedindo a dissolução da Assembleia Nacional ou uma votação presidencial antecipada.

O parlamento suspenso e o desafio orçamentário

A França está mergulhada nesta crise política há mais de um ano, desde que as eleições legislativas de 2024 resultaram em um parlamento suspenso, dividido em três blocos — esquerda, extrema-direita e o centro-direita de Macron — sem que nenhum deles tivesse maioria. Desde então, os indicados de Macron não conseguiram aprovar um orçamento.

A situação é classificada pelo jornal Le Monde como uma “farsa trágica” e “mais uma demonstração do desmoronamento” do segundo mandato de Macron.

Lecornu, que se tornou o quinto primeiro-ministro desde 2022, tem como principal prioridade tentar garantir apoio para o orçamento de austeridade de 2026. A crise política se desenrola no contexto de crescentes problemas financeiros na França, que tem a terceira maior relação dívida/PIB da UE e um déficit orçamentário projetado que se aproxima de 6%.

Diante do impasse, as opções de Macron incluem renomear Lecornu, indicar outro primeiro-ministro (o oitavo em seu mandato atual), ou dissolver o parlamento novamente, apesar de o presidente ter manifestado relutância em realizar novas eleições, que as pesquisas sugerem que provavelmente resultariam em outro parlamento dividido. Macron, contudo, insiste que não renunciará antes do final de seu mandato em 2027.

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