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EUA podem retaliar contra o Brasil após julgamento de Bolsonaro, diz ex-embaixador

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O ex-embaixador Rubens Barbosa alertou para a possibilidade de os Estados Unidos imporem novas sanções ao Brasil após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), o diplomata afirmou que medidas contra autoridades brasileiras e sanções comerciais são iminentes. “Eu não tenho a menor dúvida de que alguma coisa vai acontecer”, disse.

Barbosa mencionou o risco de um aumento das tarifas já impostas pelo governo Trump sobre produtos brasileiros, que podem superar os 50%. Segundo ele, as tarifas já afetaram a competitividade de itens industriais e agrícolas do Brasil. O ex-embaixador destacou que uma promessa de isenção para produtos não cultivados nos EUA não foi cumprida integralmente, com exceção de itens como o suco.

Complexidade geopolítica e desafios para o agronegócio

O diplomata explicou que as tarifas impostas pelos EUA não são apenas uma questão econômica, mas parte de uma estratégia geopolítica de “contenção e de imposição da hegemonia norte-americana”. Ele alertou que, caso as tarifas sejam derrubadas na Suprema Corte dos EUA, o país pode usar outras justificativas para sanções, como o desmatamento ou a regulamentação das big techs no Brasil.

Rubens Barbosa ressaltou a importância de um “gesto político” do governo brasileiro para mitigar a situação. Ele sugeriu um contato direto entre o presidente Lula e o ex-presidente Trump, ou o envio de um representante de alto nível, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, para reabrir o diálogo. No entanto, o diplomata enfatizou que a solução vai além de um simples telefonema, já que se trata de uma nova configuração de poder global.

Estratégias e vulnerabilidades do Brasil

O ex-embaixador também apontou a vulnerabilidade do Brasil no cenário comercial global, especialmente em relação à China. Ele destacou que 50% das exportações brasileiras vão para a Ásia, com 40% destinadas à China, tornando o país suscetível a mudanças nos acordos comerciais.

Barbosa alertou que um acordo comercial entre EUA e China poderia afetar diretamente o agronegócio brasileiro, especialmente o mercado da soja. “Se a China quiser, ela fecha um acordo com os Estados Unidos, e compra só de lá, e deixa de comprar o Brasil. Esse é o mundo em que nós vamos viver”, afirmou.

Para mitigar esses riscos, o diplomata reforçou a necessidade de o Brasil diversificar seus mercados e ter uma estratégia nacional clara e sistemática, sem depender de outros países. Ele sugeriu alternativas como a exportação via Paraguai e a atuação mais forte do setor privado brasileiro nas negociações com os EUA.

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