Brasil e países amazônicos articulam reação a presença de navio de guerra dos EUA na costa da Venezuela
O governo brasileiro está atuando para que a declaração final da cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que ocorre nesta sexta-feira em Bogotá, reforce que o combate a crimes na região é responsabilidade dos próprios países-membros. A iniciativa é vista como uma resposta à movimentação militar dos Estados Unidos, que enviou navios de guerra para o Caribe, próximo a países da OTCA, especialmente a Venezuela.
Apesar de a ação americana não ser o foco principal da cúpula — cujo objetivo é alinhar a posição dos países para a COP30 —, o tema deve ser abordado na declaração final. O governo brasileiro avalia que essa estratégia, sem uma crítica unilateral direta, pode esvaziar a justificativa do presidente dos EUA, Donald Trump, para sua presença militar na região.
A movimentação de navios, que Trump alega ter como objetivo o combate a cartéis de drogas, foi recebida com descontentamento na América do Sul. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou-a como “agressão imperialista”, acusando os EUA de usar o combate ao narcotráfico como pretexto para uma intervenção.
O Brasil, por sua vez, não acredita em uma operação militar americana na Venezuela, mas considera a presença dos navios uma tensão desnecessária. Nesse contexto, o governo negocia a inclusão de uma menção na declaração da OTCA que reforce a prerrogativa dos países de cooperarem no combate ao tráfico de drogas, garimpo ilegal e exploração de madeira.
Fontes do governo Lula interpretam a ação de Trump como uma forma de “espantalho perfeito” para enviar um recado a outros países com atuação de cartéis, como México e Panamá. Segundo interlocutores americanos, a intenção de Trump seria mais política, já que o presidente estaria empenhado em mediar um processo de paz entre Rússia e Ucrânia e buscar um prêmio Nobel da Paz, o que tornaria uma agressão militar a outro país improvável neste momento.
