Moraes garante: “Não existe a menor possibilidade de recuar” em ações contra Bolsonaro
Em uma entrevista recente ao jornal norte-americano The Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reafirmou sua postura firme em relação às investigações e ao futuro julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o ministro, “não existe a menor possibilidade de recuar nem um milímetro” nas decisões que envolvem o ex-mandatário, que tem julgamento marcado para setembro por tentativa de golpe de Estado.
Moraes explicou que a Corte seguirá o procedimento correto: “Vamos receber a acusação, analisar as provas e quem tiver de ser condenado, será condenado, e quem tiver de ser absolvido, será absolvido.” O perfil detalhado do magistrado foi publicado após uma conversa de mais de uma hora e entrevistas com outras fontes.
A “vacina” contra a autocracia e a reação dos EUA
O ministro comparou a ameaça à democracia brasileira a uma “doença”, e sua atuação como a aplicação de uma “vacina”. “Quando você é muito atacado por uma doença, você forma anticorpos e você busca uma vacina preventiva”, disse, traçando um paralelo com os anos de ditadura no Brasil.
Enquanto isso, os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras. O presidente Donald Trump justificou a medida como uma resposta a questões comerciais e ao que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro. A Casa Branca também citou supostos ataques à liberdade de expressão, liderados por Moraes.
O ministro, por sua vez, atribuiu a tensão entre os dois países a “falsas narrativas sustentadas por desinformação”, espalhadas nas redes sociais. “O que precisamos fazer, e o que o Brasil está fazendo, é esclarecer as coisas”, completou.
A relação com os EUA se deteriorou após o filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, se mudar para o país em março para articular ações contra o STF e defender os interesses do pai. Desde então, diversas ameaças foram feitas a autoridades brasileiras, culminando na sobretaxa.
Moraes, que é o relator dos processos que envolvem Bolsonaro, foi pessoalmente alvo de sanções sob a Lei Magnitsky, que impõe punições financeiras.
A vida sob pressão
A reportagem do The Washington Post descreveu a vida do ministro, que enfrenta a perda de liberdades pessoais, uma crescente lista de inimigos e restrições de viagem. Moraes admitiu que a situação não é agradável, mas garantiu que “enquanto houver necessidade, a investigação continuará.”
