Calor extremo no sul da Europa: termômetros batem recordes e mortes chegam a 1500
O sul da Europa enfrenta uma crise climática com ondas de calor extremas e incêndios florestais devastadores, descritos por cientistas como um “coquetel molotov” de condições perigosas. Temperaturas que chegam a 44°C estão alimentando vastos incêndios no Mediterrâneo e colocando mais da metade da França e grande parte da Espanha sob alerta máximo.
Incêndios e calor extremo causam mortes e destruição
Na França, que recentemente controlou o seu maior incêndio desde 1949, as autoridades confirmaram uma morte e mais de 25 feridos. Em meio a um alerta de onda de calor em 12 das 96 unidades administrativas do país, os bombeiros continuam em alerta máximo. Na Espanha, mais de mil pessoas foram forçadas a evacuar suas casas em León e Zamora, enquanto incêndios em larga escala persistem na Galícia. Na Itália, as trilhas do Monte Vesúvio foram fechadas enquanto equipes de bombeiros combatiam chamas nas encostas do vulcão.
A cientista espanhola de incêndios Cristina Santín Nuño explica que o aumento de incêndios era esperado após uma primavera chuvosa, que favoreceu o crescimento de vegetação, seguida por calor extremo, ventos fortes e longos períodos de seca. “Temos todos os ingredientes para o ‘coquetel molotov’ que estamos vendo agora”, disse ela.

Recordes de temperatura e mortes na Espanha
A Espanha vive um de seus verões mais mortais, com mais de 1.500 mortes atribuídas às altas temperaturas, segundo o Sistema de Monitoramento Diário de Mortalidade (MoMo). Apenas em julho, o país registrou um aumento de 57% nas mortes relacionadas ao calor em comparação com o mesmo período do ano anterior. O mês de junho já havia sido classificado como o “mês mais anormalmente quente já registrado” no país, com 407 mortes, um salto drástico em relação às 32 registradas em 2024.
As mortes por calor continuam a crescer. Recentemente, dois trabalhadores na Andaluzia morreram de exaustão, e a região, uma das mais afetadas, registrou 897 emergências relacionadas ao calor somente em agosto.
Especialistas alertam que as mudanças climáticas estão intensificando essa nova realidade de incêndios florestais. A Europa, que aquece quase duas vezes mais rápido que a média global, tem visto uma massa de ar quente e seco sobre a Península Ibérica e a França elevar ainda mais as temperaturas.
Cristina Santín Nuño enfatiza que a paisagem da Espanha mudou nas últimas décadas, com mais vegetação suscetível a queimadas. “As mudanças climáticas estão criando mais oportunidades para que essas paisagens queimem de forma mais ampla, intensa e perigosa”, alertou.
A crise na Espanha também ameaça patrimônios mundiais, como Las Médulas, na província de León, um local com castanheiras centenárias e reconhecido pela Unesco. “É um dia triste para mim. Las Médulas queimou ali”, lamentou Santín Nuño.
