Explosões solares derrubam frota de satélites de Elon Musk
Uma nova análise de satélites Starlink da SpaceX em queda revelou uma clara ligação com a crescente atividade solar. Conforme o Sol se aproxima do pico de seu ciclo de 11 anos, milhares de pequenos satélites estão caindo da órbita da Terra a uma taxa acelerada.
Sol ‘furioso’ e o Impacto na Frota Starlink
Pesquisadores liderados pelo físico espacial Denny Oliveira, do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, estudaram 523 satélites Starlink que reentraram na atmosfera terrestre entre 2020 e 2024. A equipe encontrou um padrão distinto: o número de quedas de satélites aumentou diretamente com a intensificação da atividade solar.
“Mostramos claramente que a intensa atividade solar do atual ciclo solar já teve impactos significativos nas reentradas da Starlink”, afirmam os cientistas em seu artigo. Eles destacam que este é um momento crucial para a pesquisa sobre o arrasto orbital, dado o número recorde de satélites em órbita baixa da Terra e a atividade solar em seu nível mais alto já observado.
O ciclo solar, um fenômeno de 11 anos caracterizado por flutuações na atividade do Sol, manifesta-se por meio de manchas solares, erupções e ejeções de massa coronal. Atualmente, estamos no pico do 25º ciclo, que se mostrou mais forte do que o previsto.

Wikideas1/Wikimedia Commons , CC BY 4.0)
Embora não perceptível na superfície, o aumento da atividade solar injeta mais energia na atmosfera superior da Terra, fazendo-a inchar. Esse inchaço aumenta o arrasto sobre as espaçonaves em órbita baixa, exigindo ajustes constantes para que mantenham suas posições.
A SpaceX, com sua vasta frota de 8.873 satélites Starlink lançados (dos quais 7.669 estão operacionais), oferece um laboratório único para observar os efeitos do máximo solar. Os pesquisadores utilizaram dados orbitais da Starlink para analisar altitudes e velocidades dos satélites, identificando os impactos das tempestades solares.
Desde 2019, quando os lançamentos da Starlink começaram, as reentradas atmosféricas têm crescido: de apenas 2 em 2020, saltaram para 78 em 2021, 99 em 2022, 88 em 2023 e um impressionante total de 316 satélites caíram em 2024.
Curiosamente, cerca de 72% das reentradas ocorreram durante condições geomagnéticas fracas, não durante as tempestades mais intensas. Os cientistas atribuem isso ao efeito cumulativo do arrasto ao longo do período de ascensão do ciclo solar, que degrada sutilmente as órbitas ao longo do tempo. Satélites que caíram durante condições geomagnéticas fortes, por outro lado, caíram mais rapidamente.
A pesquisa de Oliveira e sua equipe pode ser fundamental para desenvolver estratégias que mitiguem o decaimento orbital causado pela atividade solar, garantindo que os satélites permaneçam em órbita e evitem colisões que poderiam levar a uma cascata de detritos espaciais (síndrome de Kessler).
“Nossos resultados são promissores porque apontam na direção do uso de dados de cadência curta do Starlink para a melhoria dos modelos de arrasto orbital durante tempestades geomagnéticas, particularmente durante eventos extremos”, concluem os pesquisadores. Isso significa que o estudo pode ajudar a prever e gerenciar melhor o impacto solar em futuras missões espaciais.