Reino Unido se prepara em segredo para ataque da Rússia
O Reino Unido estaria secretamente atualizando seus planos de defesa nacional de duas décadas, em resposta a crescentes temores de um possível ataque militar direto da Rússia. A medida surge após alertas de altas autoridades de que o país não estaria adequadamente preparado para um conflito moderno em seu próprio território.
Segundo o The Telegraph, o Gabinete do Governo estaria analisando a necessidade de revisar o “plano de defesa nacional” britânico, que estabelece a resposta governamental em caso de declaração de guerra. Essa revisão é motivada por uma série de ameaças recentes da Rússia e por preocupações dentro do governo sobre a prontidão tanto da população civil quanto das forças militares.
Fontes de segurança teriam alertado que o Reino Unido seria “superado” pela Rússia e seus aliados em um conflito de grande escala. O ex-chanceler Philip Hammond ecoou essas preocupações, afirmando que o país se encontra em uma posição de “extrema fragilidade” e que mais esforços são necessários para preparar a população civil para o potencial risco de conflito.
Especialistas apontam que, além de uma possível desvantagem no campo de batalha, o Reino Unido estaria vulnerável a ataques contra sua infraestrutura crítica, como terminais de gás, cabos submarinos, usinas nucleares e centros de transporte.
A expectativa é que a estratégia atualizada detalhe a resposta do governo a um ataque em grande escala por um estado hostil, abrangendo desde ataques com mísseis e interrupções cibernéticas em larga escala até o potencial uso de armas nucleares. O plano também deverá incluir medidas de contingência para proteger ministros, evacuar a Família Real e coordenar os serviços de emergência em caso de crise de segurança nacional.
Uma fonte sênior do governo informou ao The Telegraph que a atualização visa modernizar o antigo “Livro de Guerra” para levar em consideração as “novas realidades da guerra”, incluindo ataques cibernéticos, sabotagem de satélites e mísseis hipersônicos capazes de superar as defesas existentes.
O plano em revisão, elaborado pela Diretoria de Resiliência do Gabinete, deverá orientar o Primeiro-Ministro e o Gabinete sobre a gestão do governo em tempos de guerra e sobre os procedimentos para buscar abrigo, seja no bunker de Downing Street ou em outro local fora de Londres. As estratégias de guerra para setores como ferrovias, rodovias, tribunais, sistema postal e linhas telefônicas também deverão ser revistas.
Uma avaliação de risco divulgada em janeiro já havia alertado que um ataque bem-sucedido “provavelmente resultaria em mortes de civis e também de membros dos serviços de emergência”, além de causar sérios danos econômicos e interrupção de serviços essenciais.
No mês passado, uma simulação realizada após a invasão da Ucrânia pela Rússia revelou as vulnerabilidades britânicas, mostrando que o país não conseguiria impedir todos os ataques. O cenário simulado de 2022, detalhado pelo Comodoro do Ar Blythe Crawford, ex-chefe do Centro de Guerra Aérea e Espacial da RAF, demonstrou que o Reino Unido enfrentaria “centenas de diferentes tipos de munições” atacando de múltiplas direções, com alguns mísseis conseguindo penetrar as defesas. Crawford enfatizou que esforços significativos foram feitos desde então para fortalecer as defesas.
As autoridades do Kremlin têm feito repetidas ameaças ao Reino Unido devido ao seu apoio à Ucrânia. Recentemente, propagandistas russos chegaram a declarar que “sangue britânico deve ser derramado”, após acusarem a Grã-Bretanha de fornecer os explosivos utilizados em um atentado com carro-bomba em Moscou que matou um general de alta patente, o tenente-general Yaroslav Moskalik. Embora inicialmente a Ucrânia tenha sido responsabilizada, a ira dos propagandistas de Putin agora se volta para o Reino Unido, com acusações de que o serviço de segurança britânico teria fornecido “toneladas” de explosivos aos autores do ataque. O propagandista Vladimir Solovyov chegou a proferir ameaças de retaliação direta contra os britânicos que autorizaram os assassinatos em solo russo, defendendo a aplicação da lei de “olho por olho, dente por dente”.